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Cinema

 
 

Documentário mostra que McDonald´s faz mal à saúde

22 de janeiro de 2004 14h39 atualizado às 16h54

A indústria de fast-food nos Estados Unidos passa por um difícil momento de imagem. Processos, vaca louca, livros e documentários enviam a mensagem unânime: a comida de redes como McDonald´s e Burger King é "o novo tabaco".

A principal alfinetada do momento é um documentário chamado Super Size Me: A Film of Epic Proportions, que vem chamando atenção no Festival de Sundance. No filme rodado em estilo reality-show, o diretor Morgan Spurlock vê a saúde deteriorar ao passar por uma dieta de três refeições por dia no McDonald´s por um mês.

A atual onda de críticas à indústria do hambúrguer saiu dos veículos especializados e virou um fenômeno da cultura pop com o sucesso do livro Fast Food Nation, de Eric Schlosser, lançado em 2002. Com um ótimo trabalho de pesquisa, o título mostra não só os problemas de saúde causados pela comida das redes de lanchonete americanas, mas também expõe os problemas trabalhistas e o prejuízo econômico que as empresas causaram no país nos últimos anos.

Além de ter ficado no topo das listas de mais vendidos por muitos meses, o livro pode ser encontrado atualmente em lojas de presentes e até na seção de carnes da rede de supermercado Whole Foods, que vende produtos ôrgânicos ou sem antibióticos.

No ano passado, a imprensa também deu boa atenção para os processos movidos por grupos de consumidores obesos, que alegam que não sabiam que a dieta de fast food era tão prejudicial à saúde. Os primeiros casos foram arquivados e, agora, o lobby da indústria usa a influência de senadores para tentar criar leis que tornem as empresas isentas de culpa em qualquer problema de saúde de seus fregueses.

Morgan Spurlock ouviu falar sobre os processos e resolveu virar cobaia na frente das câmeras. Para o teste de Super Size Me, ele faz todas as refeições em lojas do McDonald¿s e deixa de fazer exercícios. No final da maratona de apenas 30 dias, ele ganhou cerca de 13 quilos, teve um aumento de colesterol de 165 para 230, registrou perda de libido, dores-de-cabeça e depressão. De acordo com médicos que acompanharam a saúde dele, o fígado acabou intoxicado. Durante o processo, ele vomitou, sentiu dores no corpo e diz ter se sentido mal psicologicamente.

O documentário fez barulho em Sundance, com sessões lotadas e muitas reportagens na imprensa. Segundo o diretor, a idéia é tentar abrir os olhos dos consumidores americanos. O McDonald´s divulgou um comunicado à imprensa dizendo: "Os consumidores podem balancear suas dietas diárias escolhendo produtos de nossos cardápios de qualidade em porções variadas para satisfazer seus gostos e objetivos nutricionais."

Executivos da indústria de fast food, de olho nos processos que chamam de "frívolos", negam que seus produtos fazem mal à saúde. No entanto, assim como aconteceu quando os perigos do tabaco foram ganhando atenção nos Estados Unidos, várias redes começam a oferecer versões "light" de seus cardápios.

O Burger King, por exemplo, acaba de anunciar a venda de hambúrguer sem pão e saladas com frango e camarão. Ironicamente, em outra comparação com a indústria do fumo, a Sociedade Americana do Câncer acaba de revelar os resultados de um estudo que mostra que cigarros "light" são tão prejudiciais à saúde quanto as versões mais fortes.

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