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Cinema

 
 

Jovem "Che" de Walter Salles conquista Sundance

22 de janeiro de 2004 17h28 atualizado em 23 de janeiro de 2004 às 10h53

Cena de  O Diário da Motocicleta  do brasileiro Walter Salles. Foto: FilmFour/Divulgação

Cena de O Diário da Motocicleta do brasileiro Walter Salles
Foto: FilmFour/Divulgação

O filme Diários de Motocicleta revolucionou o festival de cinema independente de Sundance, onde a obra que narra uma viagem da juventude de Che Guevara conquistou o público, a crítica e os estúdios.

Dirigido pelo diretor Walter Salles e estrelado pelo mexicano Gael García Bernal, o filme produzido pelo ator e diretor Robert Redford, fundador do Sundance, está sendo recebido com grandes ovações em todas as suas exibições fora da competição.

O público aplaude de pé, inclusive em uma exibição para o ex-vice-presidente americano Al Gore.

É um fervor com o qual Hollywood se deixou contagiar rapidamente, com os principais estúdios lutando por meio de seus representantes em Park City (Utah) para comprar os direitos de distribuição da fita, rodada em espanhol.

De fato, logo após o fim da estréia, o co-presidente da Focus Features, David Linde, foi até a festa para apresentar pessoalmente a oferta de compra.

No final, Linde comprou por US$ 4 milhões os direitos de distribuição nos EUA de um filme produzido com US$ 10 milhões. Trata-se de um bom negócio em Hollywood, onde já começaram a apontar este título como um dos favoritos para o Oscar, não deste ano mas do próximo.

"Diários de Motocicleta poderia se tornar facilmente o primeiro candidato em espanhol a melhor filme", declara o crítico Roger Friedman, que acrescenta que o papel de "Che" pode fazer por García Bernal o que Antes do Anoitecer fez pelo ator espanhol Javier Bardem.

Como a revista Hollywood Reporter afirma "não é necessário ter um poster de Che no quarto para apreciar esta saga que não deseja ser política".

Esta também é a opinião da revista Variety, ao publicar que o conteúdo de Diários de Motocicleta é acessível para os que não têm inclinações políticas, ao manter seu olhar nas questões humanas.

"É um filme sobre Ernesto Guevara antes de virar Che", declarou Salles para a imprensa parafraseando a definição que escutou de Camilo, o filho do revolucionário mais idealizado do século XX.

Rodado na Argentina, Chile e Peru, o filme acompanha a viagem de dois jovens, Guevara e seu amigo Alberto Granados (interpretado pelo argentino Rodrigo de la Serna) ao longo de uma travessia que marcará suas vidas para sempre.

Salles, que disputou o Oscar de melhor filme estrangeiro com Central do Brasil, se inspirou nos diários de Guevara assim como em suas entrevistas com Granados e com a família de "Che".

Granados, de fato, dá algumas notas mais humanas ao filme, já que aparece sendo entrevistado durante os créditos do filme, mas está ausente do Sundance por ter sido negado o visto para sair de Cuba.

"Diários de Motocicleta mostra uma geografia física e humana que pertence à América Latina e é um processo de amadurecimento, uma história sobre dois jovens que encontram seu lugar no mundo", afirma o diretor.

Com uma motocicleta Norton 500 como meio de transporte estes dois estudantes de medicina realizam em 1952 sua primeira viagem pela América Latina, na qual vivem experiências cruciais, entre elas sua passagem por um leprosário no meio do Amazonas que marcaria a vida do jovem Guevara.

Trata-se de uma figura pela qual Hollywood já tinha se apaixonado antes da estréia do filme, a julgar pelos projetos que há sobre este personagem da revolução cubana.

Sob o título provisório de Camisa Blanca, Terence Malick prepara sua versão dos últimos anos da vida de Che, papel que será interpretado por Benicio del Toro.

Além disso, existe a biografia cujos direitos foram comprados por Brett Ratner, e o italiano Bernardo Bertolucci, que esteve interessado na adaptação de Diários de Motocicleta, ainda continua pensando em fazer sua própria versão desta figura.

EFE
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