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Cinema

 
 

Primer surpreende ao ganhar prêmio máximo

26 de janeiro de 2004 15h25

Cena do filme  Primer. Foto: Divulgação

Cena do filme Primer
Foto: Divulgação

Um filme cujo orçamento foi "mais ou menos o preço de um carro de segunda mão", segundo seu diretor, surpreendeu o mundo do cinema independente no sábado ao ganhar o prêmio máximo do Festival de Cinema Sundance.

Para conquistar o Grande Prêmio Dramático do Júri, Primer, que tem roteiro e direção de Shane Carruth, derrotou vários filmes que tinham ganho grande destaque na semana anterior, entre eles Garden State, de Zach Braff, The Woodsman, de Nicole Kassell, e We Don't Live Here Anymore, de John Curran, todos os quais têm atores famosos e já encontraram distribuidoras independentes.

Primer é a história de quatro homens que inventam, em parte por acidente, um mecanismo que possui o poder de lhes dar praticamente qualquer coisa que querem.

Além de escrever e dirigir, Carruth também atua no filme. O trabalho também recebeu o prêmio Alfred P. Sloan, no valor de US$ 20 mil, dado a filmes independentes que incorporam temas ligados à ciência e tecnologia.

Carruth ficou quase atônito com o prêmio e agradeceu "ao elenco, que também é a equipe técnica". Ele lembrou que, no início, o projeto não era um filme de Sundance, "mas apenas alguns sujeitos mudando móveis de lugar" na casa de seus pais.

We Don't Live Here Anymore, adaptação literária estrelada por Naomi Watts, Mark Ruffalo, Laura Dern e Peter Krause, valeu a Larry Gross o prêmio Waldo Salt de melhor roteiro. O filme foi adquirido durante o festival pela Warner Independent Pictures.

O Grande Prêmio do Júri por Documentário também surpreendeu, tendo sido dado a Dig!, de Ondi Timmoner. O filme acompanha os percursos muito diferentes de duas bandas de rock alternativo dos anos 1990, o Dandy Warhols e o Brian Jonestown Massacre.

Dig! passou à frente de vários documentários de conteúdo politicamente carregado, incluindo Born Into Brothels, de Ross Kauffman e Zana Briski, projeto da HBO que ganhou o prêmio de público de melhor documentário e documenta a vida na zona de prostituição de Calcutá, na Índia.

O prêmio de público de melhor filme dramático foi dado a Maria Full of Grace, outro projeto da HBO Films (associado à Tucan Producciones Altercine).

Escrito e dirigido por Joshua Marston, o filme conta a história de uma garota de 17 anos que trabalha como "mula", contrabandeando drogas para dentro dos EUA, para pagar as contas de sua mãe e irmã.

Marston disse que o sucesso de seu filme prova que é possível um filme em língua estrangeira fazer sucesso junto ao público norte-americano.

O prêmio de direção dramática ficou com Debra Granik por Down to the Bone, sobre uma dona-de-casa de classe trabalhadora, com dois filhos pequenos, que luta contra a dependência de drogas. Vera Farmiga, que faz o papel principal, ganhou o Prêmio Especial do Júri de melhor atriz.

Morgan Spurlock levou para casa o prêmio de direção de documentário por Super Size Me, no qual decidiu comer apenas McDonald's, em três refeições diárias durante 30 dias, para ver o que aconteceria - com resultados chocantes.

Super Size Me virou um dos documentários mais comentados do festival e alimentou a central de boatos de Sundance. Muitos dos participantes do festival se perguntam se a cadeia de fast food poderá tentar impedir o filme de ser lançado comercialmente.

Apesar disso, no discurso que fez ao aceitar o prêmio, Spurlock disse que um contrato de exibição do seu trabalho nos cinemas está sendo negociado e que os direitos do filme para a TV já foram vendidos para a A&E.

Nas categorias de Cinema Mundial, o Canadá roubou o show. O prêmio dramático foi dado a Seducing Doctor Lewis, de Jean-Francois Pouliot, sobre um médico de Montreal a quem pedem que se transfira para uma aldeia de pescadores para salvar sua economia.

O vencedor na categoria documentário de cinema mundial foi The Corporation, dos diretores Mark Achbar e Jennifer Abbott. Baseado num livro de Joel Bakan, o filme canadense narra a evolução das grandes empresas.

Reuters
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