Atores enfurecidos ameaçam Festival de Cannes

O ministro da Cultura francês, Renaud Donnedieu de Vabres, anunciou na quarta-feira a criação de um fundo temporário para ajudar os trabalhadores em tempo parcial na indústria do cinema, visando acalmar sua insatisfação antes do início do Festival de Cannes, que acontecerá entre 12 e 23 de maio.

Mesmo assim, a central sindical CGT, liderada pelos comunistas e que representa a maioria dos trabalhadores do setor, rejeitou o fundo de 20 milhões de euros (cerca de US$ 24 milhões), considerando-o insuficiente. A central prometeu intensificar os protestos, que começaram há um ano.

"Nesta etapa, podemos afirmar que o Festival de Cannes 2004 será memorável", disse a central sindical em comunicado.

Centro de veraneio na costa mediterrânea francesa que costuma atrair estrelas de Hollywood, Cannes este ano vai receber celebridades como Brad Pitt e Charlize Theron.

Veronique Cayla, a diretora geral do festival, disse que os organizadores estão trabalhando com os sindicatos para evitar que voltem a ocorrer protestos como os que, no verão passado, obrigaram ao cancelamento de alguns festivais franceses de música e teatro.

"Estamos trabalhando para dar uma plataforma aos manifestantes", disse Cayla ao jornal Libération.

A segurança no Palais des Festivals (Palácio dos Festivais), o local principal onde serão exibidos os filmes, será especialmente rígida em consequência dos receios provocados pelos atentados a bomba contra trens de Madri, em março.

"Não imaginamos que o Palais des Festivals será atacado. Mas não podemos controlar tudo. Provocadores e extremistas podem unir-se a essa causa justa e arruinar a festa que o festival deve ser", disse Cayla.

Para reduzir a tensão, Donnedieu de Vabres vai viajar a Cannes para negociações com representantes sindicais, paralelamente aos eventos oficiais do festival.