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Cinema

 
 

Cannes abre com Almodóvar e fecha com Cole Porter

10 de maio de 2004 22h35 atualizado às 22h35

Recuperando o brilho abalado em 2003 por uma seleção considerada fraca, ainda mais por ser suplantado por um Festival de Veneza particularmente caprichado meses depois, o Festival de Cannes 2004 abre sua 57ª edição, na noite de quarta-feira, sob o signo da emoção e da polêmica de um veterano mais do que consagrado em todo mundo: o espanhol Pedro Almodóvar.

Ele mostra fora de competição na noite de gala seu novo La Mala Educación, em torno da história de dois rapazes (Fele Martínez e Gael García Bernal) nos quais a educação religiosa deixou agudas cicatrizes.

Almodóvar repete que não se trata de um filme autobiográfico - embora sua vivência pessoal em um colégio jesuíta impregne o clima - nem de um acerto de contas com a Igreja Católica, destacando que, se fosse este o caso, não teria esperado quarenta anos para isso.

Em todo caso, o filme promete discussões acaloradas e serve como medida da coragem do jovem ator mexicano Gael, que aparece travestido numa sequência, sem medo de abalar seu prestígio como ídolo junto às fãs adolescentes. La Mala Educación tem estréia brasileira prevista para 17 de setembro.

Em uma outra roupagem e espírito, Gael Bernal estrela Diários de Motocicleta, dirigida por Walter Salles, filme que participa da competição oficial.

Fora da disputa da Palma de Ouro, como sempre, haverá inúmeras homenagens aos mestres do passado, reunidas numa nova seção, Clássicos de Cannes - onde se inclui, aliás, a homenagem ao Cinema Novo.

O mestre italiano Michelangelo Antonioni, de 91 anos, vem lançar pessoalmente seu trabalho mais recente, o curta-metragem Michelangelo's Eye, além da versão restaurada de seu clássico Blow-Up (vencedor da Palma de Ouro em 1967) em DVD na Europa.

Estão incluídos nesta seção filmes de Buster Keaton e documentários sobre o cinema, incluindo Henri Langlois: Le Fantôme da la Cinématheque, com três horas e meia de duração, sobre o lendário fundador da Cinemateca Francesa. Também haverá uma mostra especial de cópias novas e restauradas de vários filmes, como Agonia e Glória, de Samuel Fuller.

As aulas magnas desta edição - as chamadas Leçons, ou "lições" - serão dadas pelo diretor Stephen Frears, o compositor Lalo Schifrin e o ator Max von Sydow.

E, fechando o festival, na noite de sábado (22), será exibida De-Lovely, cinebiografia do compositor norte-americano Cole Porter, estrelada por Kevin Kline e Ashley Judd - cuja presença é esperada no circuito festeiro da Croisette. O filme tem estréia brasileira prevista para 15 de outubro.

Reuters
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