Gael García Bernal em Cannes
Foto: AP
Gael García Bernal foi, ao lado de Almodóvar, o centro das atenções nesta quarta-feira, ao subir a escadaria do Palácio dos Festivais para assistir à sessão inaugural do festival, justamente com A Má Educação.
Pouco antes, nos corredores do festival, após falar à imprensa, não foram poucos os elogios sobre sua dupla atuação e as alusões ao seu papel oposto no filme de Salles, que será exibido no próximo domingo.
A revista especializada Studio Magazine dedicou sua primeira página ao ator, com o título "E se ele for a estrela do festival?"
"O ator mexicano, que interpreta quase três personagens, entre eles um travesti, enfeitiça os que se aproximam dele, como o faz com os espectadores", escreveu o crítico da revista.
O jornal Le Monde destacou, por sua vez, que em meio aos personagens do filme de Almodóvar, "há um ator, o jovem mexicano Gael García Bernal, cujas origens e trajetória mais remetem ao cinema americano do que à tradição européia".
Em A Má Educação, continuou o jornal, Bernal "adota um sotaque espanhol muito convincente e nunca abandona um certo desassossego na expressão de sua homossexualidade (...). Este desassossego concorda com o caráter espetacular das paixões que agitam a tela, mas também encontra toda sua justificativa nas últimas revelações que aporta a abertura sucessiva dos comportamentos da história".
Ao apresentar o filme, nesta quarta-feira, Almodóvar disse que "precisava, para interpretar o papel de Juan, alguém com a beleza inocente de Gael, para que não desse pistas de que por trás havia um monstro".
O cineasta afirmou que este personagem ocupa em seu filme o lugar do ícone do cinema noir, a "mulher fatal", "personagens aos quais o crime não desfigura, mas os torna ainda mais belos", que levam os que cruzam os seu caminho à perdição, e o comparou ao personagem Tom Ripley do romance de Patricia Highsmith e sua interpretação por Alain Delon em O Sol por Testemunha (1959), na versão de René Clément.
Gael García Bernal foi descoberto em Cannes por sua interpretação em Amores Brutos, do seu compatriota, Alejandro González Iñárritu, que há três anos recebeu o prêmio da Semana Internacional da Crítica. P Depois, se destacou em Sin noticias de Dios de Agustín Díaz Yanes, E sua mãe também, de Alfonso Cuarón, e O crime do padre Amaro, de Carlos Carreras.
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