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Cinema

 
 

Economia aproxima Hollywood de Cannes

13 de maio de 2004 14h15

Brad Pitt congestionou a entrada do tapete vermelho durante a apresentação de seu mais novo filme, intitulado  Tróia. Foto: Reuters

Brad Pitt congestionou a entrada do tapete vermelho durante a apresentação de seu mais novo filme, intitulado Tróia
Foto: Reuters

A relação entre Hollywood e Cannes sempre foi um misto de ódio e amor. Agora as duas começam a se aproximar em um casamento de conveniência.

Movida em parte por considerações econômicas, a capital mundial do cinema descobriu que o festival glamouroso que acontece anualmente na Riviera francesa é, afinal de contas, um ótimo lugar para expor seus produtos.

Cannes sempre teve a reputação de acolher o cinema mundial, não apenas o norte-americano, além de destacar filmes frequentemente intensos, "de arte", situados do lado oposto do espectro em relação aos filmões comerciais de Hollywood.

No passado, grandes astros americanos como Robert Mitchum e Edward G. Robinson chegaram a ir a Cannes, mas os estúdios de Hollywood nunca demonstraram grande apreço pelo festival, que ocorre anualmente há 57 anos.

Mas essa situação está mudando.

Houve época em que o verão marcava a chegada aos EUA dos grandes lançamentos do cinema, que chegavam ao mercado internacional mais tarde.

Entretanto, à medida que a pirataria foi se transformando em preocupação premente, os estúdios começaram a optar por lançamentos simultâneos em todo o mundo, para evitar que os piratas consigam cópias antecipadas e vendam os filmes nos países em que estes ainda não estrearam.

Isso requer que os estúdios façam uma grande campanha publicitária, em lugar de diversas campanhas separadas em cada país.

E isso, por sua vez, torna mais tentador o público cativo de 5 mil jornalistas do show business reunidos por quase duas semanas na cidade litorânea francesa de Cannes.

O festival francês se tornou uma oportunidade ideal para os magnatas do cinema enviarem seus grandes astros para promover seus filmes mais recentes.

Na quinta-feira foi a vez de Brad Pitt promover o épico Tróia, com exibição do longa e coletiva de imprensa na sequência.

No ano passado, a maior atração foi Keanu Reeves, divulgando a sequência de Matrix.

Na verdade, os cineastas de Hollywood estão chegando ao ponto de nem esperar que seus filmes tenham sido concluídos: às vezes estão vindos a Cannes armados apenas de clipes provisórios.

O diretor Peter Jackson deu ao mundo seu primeiro vislumbre da trilogia O Senhor dos Anéis com um trailer de 20 minutos exibido em Cannes.

Este ano, Will Smith e Angelina Jolie irão a Cannes para apresentar o trailer do novo desenho animado Shark's Tale, no qual trabalham como dubladores. O filme só será lançado em outubro.

Também o festival se beneficia da nova mentalidade vigente em Hollywood.

Depois de a seleção de filmes do ano passado ter sido universalmente criticada por sua mediocridade, Cannes está recebendo os grandes nomes de braços abertos.

Pois, como concluiu sem meias-palavras o presidente do Festival de Cannes, Gilles Jacob: "As pessoas já não toleram mais os filmes entediantes".

Reuters
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