Temporada de Patos, primeiro longa-metragem do cineasta mexicano, foi ovacionado pelo público e concorre ao prêmio Câmera de Ouro, reservado à primeira obra de um diretor.
A acolhida do público foi um bom sinal para Eimbcke.
Filmado em preto e branco, Temporada de Patos é uma comédia agridoce que lança um olhar agudo e terno ao universo adolescente.
Toda a ação se passa num apartamento, onde dois amigos (Daniel Miranda e Diego Castaño) passam sozinhos um domingo rotineiro, com vídeogames, coca-cola e pizza encomendada por telefone. Um blecaute e a chegada de uma jovem vizinha (Danny Perea) e do entregador de pizza (Enrique Arreola) transformarão este domingo num dia muito particular.
"Quis fazer um filme sobre os adolescentes porque sinto (por eles) um grande respeito", por sua inquitação e energia, e me atrai o fato de que, "embora não saibam o que querem, sempre sabem, ao contrário, o que não querem", explicou o cineasta, após a exibição do seu filme.
Fazer o filme, segundo o diretor, foi um grande prazer.
"Brincamos muito com os atores e, num determinado momento, eu lhes disse que não íamos mais brincar e que a diversão tinha acabado, mas Diego (Castaño) me disse 'e então, qual é a piada?' Eu passei a noite pensando e cheguei à conclusão que ele tinha razão, que a gente tem que ter a capacidade de dirigir e se divertir ao mesmo tempo", afirmou o diretor.
O argentino Lisandro Alonso, cuja primeira obra, La Libertad (2001) já foi apresentada em Cannes, é um cineasta de incrível talento que faz um cinema apurado, rigoroso, praticamente sem diálogos e no qual a força da narrativa consiste no aprofundamento da câmera com o personagem e com a paisagem.
A natureza é onipresente no filme. O cineasta explicou à AFP que seu propósito é "isolar um único personagem em seu entorno".
"E a natureza para mim é importante porque considero que é ali onde está o ser humano mais puro, o que tem um contato mais natural com o mundo", continuou.
"Los muertos" fala da viagem de um homem pela província de Corrientes entre a prisão de onde acaba de ser libertado até o perdido local da selva onde vive sua filha.
Seu ator "é um personagem real, um habitante do local onde o filme foi rodado, uma pessoa que não conhece a cidade e que nunca foi ao cinema".
Para Lisandro Alonso, "os mortos são as pessoas que páram de viver, não necessariamente são as pessoas que morrem fisicamente. São as que não têm possibilidades, não têm nada desde que nascem, não têm educação, não têm escola, não têm saúde".
"Gosto do cinema que assume riscos, os filmes que são um risco e que apostam em tentar encontrar algo novo e se comunicar de alguma forma que já não está pautada", disse. E isso é o que ele faz.
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