A idéia de que as segundas partes dos filmes nunca são tão boas quanto as primeiras não pode ser totalmente aplicada em "Shrek 2", a continuação das aventuras do bonachão ogro verde e seus amores com a princesa Fiona.
O filme dirigido pelo neozelandês Andrew Adamson e pelos americanos Kelly Asbury e Conrad Vernon, narra as aventuras do monstrengo depois de seu casamento com a princesa Fiona e os problemas que deve resolver quando vai visitar seus verdadeiros sogros.
Mas apesar de conservar grande parte do frescor da primeira parte, "Shrek 2" já não surpreende e tudo no filme é previsível.
Depois do sucesso de crítica e público de "Shrek", primeiro filme que conquistou o Oscar de melhor longa-metragem de animação, os produtores decidiram continuar as aventuras iconoclastas, que questionam delicadamente o politicamente correto no mundo dos contos infantis.
Se a intenção dos diretores foi modificar as convenções do gênero, eles fracassaram, porque tanto a primeira como a segunda parte invertem os valores tradicionais, como em um espelho, mas sem questioná-los verdadeiramente.
A produção apresentado hoje em Cannes é divertido e tem ritmo e alguns momentos engenhosos, o que bastará para torná-la provavelmente um sucesso comercial como a primeira parte.
Atores famosos emprestam suas vozes para dar vida aos personagens do filme: de Julie Andrews, Cameron Diaz e Eddie Murphy, a Antonio Banderas e Rupert Everett.
Banderas tem a sorte de interpretar a voz de uma encantadora versão do Gato com Botas, um dos personagens mais queridos do filme.
"Conhecia este personagem desde os três anos, mas jamais imaginei que tivesse a sorte de interpretá-lo", disse o ator espanhol na entrevista coletiva depois da exibição do filme.
"Shrek 2", mais que na primeira versão, parodia muitos personagens de histórias de magias e contos infantis, como o Pinóquio.
Segundo Adamson, um dos diretores, a mensagem do filme é que é necessário ter força para ignorar os julgamentos dos outros e aprender a lutar pelo que se acredita ou deseja.
O outro longa-metragem que competiu hoje na seção oficial da 57a. edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes, foi o coreano "Old boy", de Park Chan-Wook. O filme conta a complicada história de um seqüestro e uma vingança. Um homem é trancado em um quarto com a única companhia de um televisor. Pelo aparelho, vê que sua mulher foi brutalmente assassinada e que ele é o principal suspeito.
Dez anos depois, ele é posto em liberdade e recebe uma ligação telefônica de quem parece ser o responsável de sua prisão. O homem lhe propõe um jogo simples: descobrir quem o seqüestrou durante esses anos e por que.
O filme se inspira em uma história em quadrinhos japonês, o que explica a falta de humanidade dos personagens e o caráter artificial das situações, que tentam perturbar e repugnar gratuitamente os espectadores, como quando o protagonista come uma grande lula viva ou quando corta a língua.
Este é o quinto longa-metragem de Park-Chan Wook, que nasceu em Seul em 1963 e que além de diretor, é roteirista e ator.
Perguntado depois da exibição de seu filme sobre a violência no cinema, o coreano afirmou em Cannes não ter uma opinião geral sobre o assunto.
"Em Coréia, onde a posse de armas de fogo está completamente proibida é quase impossível imaginar um assassinato cometido com uma revólver; por isso os protagonistas dos filmes coreanos sempre utilizam facas para se enfrentar".
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