Sean Penn em Cannes 2004
Foto: Reuters
Protestos trabalhistas de empregados dos setores de entretenimento e hoteleiro vêm causando problemas a Cannes, cidade situada na Riviera francesa. Além disso, na segunda-feira, o diretor norte-americano Michael Moore exibiu pela primeira vez seu documentário anti-Bush Fahrenheit 9/11, um entre uma série de filmes com temática política.
Penn, que é abertamente contra a guerra no Iraque, disse que os EUA, sob a égide do presidente George W. Bush, formam um terreno fértil para inspiração.
"Acho que não existe arte que não reaja aos tempos em que é feita, e, francamente, acho que não existem filmes políticos suficientes, nem aqui nem em lugar algum", disse o ator em entrevista à Reuters.
"A política, como nós a entendemos, está tão presente em nossas vidas, hoje em dia, que, para mim, qualquer quadro que não a reflita merece ser desprezado."
O ator premiado com o Oscar está sendo visto em The Assassination of Richard Nixon, filme baseado na história verídica de um vendedor de móveis que, em 1974, planejou matar o presidente Nixon, chocando um avião comercial sequestrado contra a Casa Branca. O filme está sendo exibido em Cannes fora da competição oficial.
Deixando de lado o paralelo estranho com os ataques que aconteceram de fato em 11 de setembro de 2001, Penn disse que a história, ambientada na época do final da Guerra do Vietnã e do escândalo de Watergate, em 1974, oferece uma parábola interessante sobre os tempos modernos.
"É a história de alguém que sente uma mão apertando seu pescoço e que, pouco a pouco, vai removendo essa mão. Com frequência, quando o coração de uma pessoa está oprimido e silenciado, ela acaba por agir de maneira extrema, violenta e horrível", declarou Penn.
O ator de 43 anos tem uma atuação delicada e sensível no papel de Sam Bicke, cuja recusa em aceitar valores sociais que considera corruptos o leva a perder família e emprego.
Mais uma vez, Penn atua ao lado de Naomi Watts, que foi sua colega de elenco em "21 Gramas" e agora está quase irreconhecível como sua ex-mulher.
Penn vive uma fase ótima de sua carreira, depois de ganhar o Oscar de melhor ator por seu trabalho em Sobre Meninos e Lobos.
No ano passado ele foi fortemente criticado por uma parte da imprensa norte-americana em função da viagem que fez ao Iraque no período que antecedeu a guerra, e falou-se que Hollywood poderia redigir uma lista negra de atores que criticassem o governo.
Sean Penn viu o Oscar que recebeu como sinal de esperança. "Acho que o prêmio quer dizer que, embora seja totalmente justificado temer a redução do espaço para contestação, a tolerância dessa contestação ainda está presente na vontade do povo americano, na vontade do setor em que trabalho e, evidentemente, na vontade do público", explicou.
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