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Cinema

 
 

Irmãos Coen apresentam comédia irônica em Cannes

18 de maio de 2004 13h59 atualizado às 13h55

Dois velhos conhecidos do Festival de Cannes, os irmãos Coen, voltaram este ano à competição oficial com The Ladykillers, uma divertida e irônica comédia sobre a importância do acaso em nossa vida.

O outra filme exibido nesta terça-feira, na competição pela Palma de Ouro, o maior prêmio do concurso, foi o tailandês Tropical Malady, de Apichatpong Weerasethakul, uma monótona história sobre um casal de homossexuais e sua misteriosa relação com a selva.

O filme de Joel e Ethan Coen é protagonizado por Tom Hanks, perfeitamente acompanhado por Irma Hall, Marlon Wayans, J.K.Simmons, Tzi Ma e Ryan Hurst.

O argumento não é original: cinco homens, que se fazem passar por músicos, pretendem roubar um banco através de um túnel que cavarão da casa de uma ingênua anciã, que lhes aluga um quarto para, supostamente, ensaiarem.

O acaso, no entanto, muda todos os planos dos integrantes do grupo, à medida que os problemas aparecem e aumentam.

Cada personagem é o estereótipo de um caráter: o cérebro do grupo, o que só usa a força bruta, o impassível oriental, o tonto para o qual tudo sai errado e o engraçado.

Como em todos os filmes dos irmãos Coen, a trilha sonora é muito cuidada e a música do sul dos Estados Unidos, de grande qualidade, aparece para a felicidade dos espectadores.

Este é o 11º filme dos irmãos Coen, e muitas das anteriores foram apresentadas em Cannes, entre elas Gosto de Sangue (1984), Ajuste Final (1990), Fargo (1996), O Homem Que Não Estava Lá (2001) e Barton Fink - Delírios de Hollywood, que ganhou a Palma de Ouro e os prêmios de melhor direção e melhor ator (John Turturro) em 1991.

Depois da exibição, Joel Coen disse que há tempos queriam trabalhar com Tom Hanks, sem saber exatamente em que projeto. "E agora tivemos a oportunidade. Seu aspecto e jeito de atuar são perfeitos para o personagem", opinou.

O longa-metragem é uma nova versão de The Ladykillers, uma comédia produzida por Alexander Mackendrick em 1955 com Alec Guiness, Peter Sellers e Herbert Lom. Segundo Ethan Coen, a próxima geração também dará sua versão ao filme. "Inclusive podem rodá-lo em Marte", brincou.

"A idéia de rodar esta comédia no sul dos Estados Unidos e de fazer da velha dama uma fervente simpatizante da Igreja Anabatista foi nosso ponto de partida e isso redefiniu todo o conjunto", garantiu Joel.

Quanto à música, um elemento essencial na narração de The Ladykillers, combina o gospel dos anos 30, o hip-hop de Nappy Roots e as melodias de câmara barrocas.

O tailandês Tropical Malady narra a história de um soldado e de seu companheiro, um camponês da selva, cujas vidas transcorrem de maneira doce e agradável. Um dia, enquanto as vacas da região são encontradas mortas, talvez por um animal selvagem, o camponês desaparece. Uma lenda local afirma que o homem pode se transformar em uma criatura selvagem. Nessas circunstâncias, o soldado se interna na selva tropical onde, às vezes, o mito se torna realidade.

Para o diretor Apichatpong Weerasethakul, nascido em 1970 em Bangcoc, o filme mostra sua atração pelas paisagens virgens e pelos mistérios.

O filme foi rodado na selva do nordeste da Tailândia, um lugar quente e úmido onde tudo ocorre com regras próprias.

Embora o filme tenha uma estrutura linear, trata-se de duas histórias que ocorrem em dois mundos diferentes. Esses territórios são aproximados pelos personagens, que o espectador pode considerar ou não os mesmos. As lembranças da primeira história se vinculam com a segunda e deveriam enriquecê-la.

Essa é a teoria. Na prática, o filme tailandês transcorre lentamente e as anedotas oferecem pouco interesse ao espectador ocidental. Este é o segundo longa-metragem de ficção de Weerasethakul, depois de Blissfully Yours, que em 2002 foi apresentada em Cannes na seção Um Certo Olhar.

EFE
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