"Este festival, além de ser um espaço para o cinema de invenção, e que sempre privilegiou o cinema autoral, também serve para apoiar e estimular o nosso trabalho, de gente que está começando. Várias pessoas na nossa equipe estão no primeiro filme ainda", disse Rocha à BBC Brasil.
Para o produtor do curta-metragem, Lucas Weglinski, o festival de Cannes é uma vitrine. "Além de colocar a gente no mesmo festival que tem nomes como Michael Moore e Jean-Luc Godard, esta também é uma oportunidade de ser valorizado pelos próprios brasileiros", disse Weglinksi.
"Infelizmente, no mundo inteiro existe isso. Você precisa de uma opinião vinda de alguém que já tem tradição para ter acesso a outros níveis na vida", acrescentou.
Weglinski afirma que o "carimbo" Cannes não é necessário para os filmes brasileiros. "Mas esse carimbo é positivo, vindo de um festival super-sério. A qualidade dos filmes é indiscutível. Realmente, não é necessário, mas abre portas e facilita muito a vida dos produtores", afirmou.
2005?
O próximo projeto de Eryk Rocha é um documentário de longa-metragem sobre política. "É sobre o imaginário político brasileiro a partir da eleição do Lula. Mas é a política pelo olho dos anônimos, dos transeuntes da minha cidade, Rio de Janeiro. Um contraponto à política institucional", explica.
O cineasta não descarta a exibição desse documentário em Cannes 2005. "O objetivo é lançar no final de 2004. Quem sabe, Cannes, no ano que vem?", pergunta-se.
Rocha afirma que "foi mais que merecida" a homenagem feita ao cinema brasileiro, mais especificamente aos 40 anos do Cinema Novo, no qual os filmes de seu pai, Glauber Rocha, também estão sendo exibidos em Cannes.
"Esses filmes são fundamentais para a minha formação, e para a de outros cineastas que virão. O Cinema Novo é uma herança forte. Esses filmes estão vivos."
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