Kevin Bacon fala da dor de representar um pedófilo

"Foi extremamente desagradável em alguns momentos", disse ele, falando do papel em que representou um pedófilo que é libertado da prisão e volta para sua cidade natal, indo morar num apartamento em frente a uma escola primária.

O homem conhece uma menina no parque e se vê obrigado a lutar contra todos seus velhos demônios internos.

"Francamente, é desagradável falar disso agora", ele disse à Reuters Television. "Eu tinha concluído o filme e, obviamente, me distanciado um pouco dele. Quando você volta para fazer a divulgação, é obrigado a começar a pensar no filme outra vez."

Sobre o papel, que lhe exigiu muito, Bacon comentou: "Eu não imaginava que seria tranquilo. Sabia que não seria algo divertido de se fazer."

Kevin Bacon já encarou filmes que variam desde Footloose - Ritmo Louco e Quando os Jovens se Tornam Adultos, da década de 1980, até Apollo 13 e JFK - A Pergunta que Não Quer Calar, nos anos 1990.

"Mas a todo momento me vejo atraído por materiais mais sombrios e intensos, talvez porque eu queira desafios", revelou.

Bacon esteve em Cannes no ano passado com o filme de Clint Eastwood Sobre Meninos e Lobos, que contava a história de um homem marcado pelo resto da vida pelo abuso sexual que sofreu quando criança.

"O problema dos crimes sexuais e do abuso sexual infantil é realmente muito difundido, com certeza nos Estados Unidos e em toda parte", disse ele.

"Fazer de conta que você não tem um problema, devido à vergonha associada a ele, nunca vai ajudar. O problema realmente tem a ver com vergonha."

O que assusta Bacon é o caráter comum do pedófilo. "O personagem de The Woodsman é uma pessoa real", disse ele. "Você não consegue identificar o pedófilo no meio de uma multidão. Ele pode estar vivendo em seu bairro. Pode estar no ônibus a seu lado, pode estar em sua igreja, pode estar trabalhando em sua escola."

"Para mim, essa realidade é muito mais assustadora do que a idéia de o pedófilo ser um monstro."

Kevin Bacon diz que não faz seu trabalho com o intuito de ser astro. "Tento não pensar demais na Hollywood propriamente dita. Tento avançar de um papel a outro, criando minhas próprias regras."

"Tenho 45 anos de idade. Sinto que ainda consigo ganhar a vida e que posso começar a me definir pelos critérios que eu mesmo estabeleço, não por alguma idéia que as pessoas têm sobre o que um ator de Hollywood deveria ser."