O filme apresenta uma estrutura de conto bem montado, segundo a crítica. O espectador se emociona, ri e, quando termina, tem vontade de ouvir outro conto. O público de Cannes aplaudiu a produção com reverência.
Whisky é a palavra que um dos personagens do filme, um fotógrafo, pede para as pessoas dizerem, para que se apresentem sorrindo nas fotos.
Entre o drama e a comédia, filmada com câmara fixa e com um tratamento da película que lhe dá uma cor de fotografia velha, entre as tonalidades sépias e marrons, Whisky trata, com sutileza e com um humor extremamente penetrante, dos efeitos da solidão na alma humana.
Jacobo é proprietário de uma velha e lúgubre fábrica de meias. Essa é toda sua vida, tem cerca de 60 anos, vive só e suas relações se limitam a trocar frases relativas ao trabalho com sua assistente, Marta, outra solitária. A relação entre ambos fica no plano profissional, com ordens, perguntas e respostas relativas ao trabalho.
Mas um dia, o irmão de Jacobo, que vive no Brasil e que não o via há 20 anos, anuncia sua chegada. Jacobo pede a Marta que se instale em sua casa e se faça passar por sua esposa durante a visita do irmão. Ela aceita. Como resultado, três pessoas totalmente estranhas entre si passam três dias convivendo "em família". Uma situação absurda na qual os personagens acabam por se descobrir a si mesmos.
O filme se baseia na solidez da composição dos três personagens, interpretados por atores magníficos: Andrés Pazos, Mirella Pacual e Jorge Bolani, vindos do teatro e que trabalham pela primeira vez no cinema.
"A idéia do filme surgiu depois de uma visita a uma fábrica de meias decrépita; imaginamos como seria viver nesse contexto e inventamos uma história passada ali", declarou à AFP Juan Pablo Rebella.
"Queríamos que a película fosse como uma fábula, uma história fechada de três personagens na qual a realidade não interferisse", acrescenta Pablo Stoll.
E os dois diretores uruguaios contam as dificuldades de seu trabalho com o mesmo fino humor apresentado no filme.
"Ainda não temos outro próximo projeto de filme. Esperamos que Cannes nos permita obter uma ajudinha". "No Uruguai é tão difícil fazer longas-metragens quanto médias, como é o caso desta produção", comenta Pablo Stoll.
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