Gael García em cena do filme de Walter Salles
Foto: FilmFour/Divulgação
Ambientado em 2032, o filme conta a história de um ciborgue que investiga andróides com problemas de funcionamento que matam seus donos.
O filme de US$ 18 milhões, que levou quatro anos para ser concluído, traz um misto estarrecedor de imagens geradas por computador e animação bidimensional tradicional.
Custou quatro vezes mais e levou três vezes mais tempo para ser feito do que o sucesso cult O Fantasma do Futuro, lançado em 1995.
Pesquisadores viajaram pelo mundo todo para buscar inspiração para a ambientação da história, que lembra as paisagens urbanas góticas de Blade Runner e Matrix.
Oshii disse que o filme foi inspirado por idéias sombrias de recessão econômica e criminalidade violenta. Ele imagina um mundo no qual o lugar dos humanos terá sido tomado por seus eus virtuais.
"Distinguir o virtual do real é um erro grave da parte dos seres humanos. Para mim, o nascimento e morte de um ser humano já são eventos virtuais", disse o diretor de 52 anos em entrevista coletiva à imprensa, na quinta-feira.
"Acho que a aceitação de que aquilo que vemos não é real vai abrir à humanidade as portas da verdade", acrescentou.
Como se essa frase não fosse suficientemente enigmática, Oshii explicou a razão pela qual todos seus filmes incluem um cão bassê, seu companheiro fiel na vida real.
"Este corpo que vocês vêem à sua frente é uma casca vazia. O cão representa meu corpo", disse Oshii.
"Os humanos só poderão ser livres se se libertarem de seus corpos. Quando brinco com meu cachorro, esqueço que sou humano, e é apenas então que me sinto livre."
Mitsuhisa Ishikawa, presidente da Production I.G., que produziu o filme, contou que, para conseguir um longa-metragem comercialmente viável, teve que refrear as tendências filosóficas de Oshii.
"Quando você ouve Oshii explicando que quer ser um cão, todo o mundo ouve com educação numa coletiva de imprensa, mas, se fosse outra pessoa dizendo o mesmo, você o internaria num hospital psiquiátrico", explicou, rindo.
Ghost in the Shell 2 é o primeiro trabalho de animação japonesa a concorrer à Palma de Ouro.
O filme compete com 18 outros trabalhos, incluindo o desenho animado da Disney Shrek 2 e dois documentários.
Alguns críticos se queixam de que a animação não deveria fazer parte do festival de cinema mais importante do mundo, célebre por exibir filmes de arte complexos. Como gênero especial, a animação japonesa não se presta facilmente a comparações.
Ghost in the Shell 2 vai encontrar um público pronto entre os fãs do filme original, mas sua história complexa e diálogos pouco claros podem não agradar ao grande público.
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