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Cinema

 
 

Wong Kar-wai e Hopkins fecham seleção oficial de Cannes

21 de maio de 2004 13h23

Dois filmes que segundo a crítica internacional ficaram um pouco abaixo das expectativas, 2046, do chinês Wong Kar-wai, e The Life and Death of Peter Sellers, do britânico Stephen Hopkins, encerraram nesta sexta-feira, a mostra competitiva oficial do Festival de Cannes.

Neste sábado serão anunciados os vencedores dos prêmios desta 57a. edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes.

Entre os favoritos estão Diários de Motocicleta, de Walter Salles; Old Boy, do coreano Park Chan-wook; Comme Une Image, da francesa Agnes Jaoui, e Fahrenheit 9/11, do americano Michael Moore.

O filme chinês exibido hoje tem muitos pontos em comum com a produção anterior de Won Kar-wai, Amor à Flor da Pele (2000), mas não acrescenta nada novo a essa concepção cinematográfica que antes chamou a atenção da imprensa especializada.

O filme narra a história de um escritor que pensa que escreve sobre o futuro mas, de fato, o faz sobre o passado. Em seu romance, um misterioso trem faz uma viagem no tempo até 2046. Todos os que viajam para essa época partem com a intenção de readquirir suas lembranças perdidas.

No filme há vários níveis: o futuro, o presente e o passado. As cenas de ficção científica sobram neste longa-metragem que poderia ter se limitado a contar a história do protagonista e seus amores no passado e o presente.

Wong Kar-wai, no entanto, é um mestre na parte técnica das filmagens. Suas imagens são simples e profundas, como se tivessem saído de um quadro.

Depois da projeção, o cineasta chinês afirmou que todos têm "necessidade de um lugar onde guardar ou esconder nossas lembranças, pensamentos, impulsos, esperanças e sonhos".

"Para alguns este lugar é um lugar real; para outros, um espaço mental. E para poucos, não é nem uma coisa nem a outra".

Wong Kar-wai nasceu em Xangai, mas migrou para Hong Kong aos cinco anos. Seu primeiro filme, As Tears Go By, é de 1988 e rapidamente ele foi considerado o "enfant terrible" do cinema local.

Esse filme foi apresentado na seção Semana da Crítica do Festival de Cannes de 1989. Seus dois últimos filmes também estiveram presentes nesta mostra: Felizes Juntos, em 1997, pelo qual recebeu o prêmio de melhor diretor, e Amor à Flor da Pele, que deu a Tony Leung o prêmio de melhor ator em 2000.

Já o filme de Hopkins se destaca especialmente o trabalho de Geoffrey Rush, que interpreta magistralmente o ator Peter Sellers, um homem genial e neurótico, dominado por sua mãe. O longa-metragem se baseia em livros, entrevistas, documentários e filmes caseiros feitos pelo ator ou membros de sua família. O resultado é um filme muito interessante e bem construído que chegou a Cannes com o status de obra-prima.

Mesmo que não chegue a tanto, o filme não deixa de ter outros méritos e é um apaixonante trabalho sobre vida de um ator delirante que começou sua carreira na rádio da BBC e terminou como ídolo de milhões de pessoas de todo o mundo.

Pressionado por uma mãe muito possessiva, Sellers teve que lutar constantemente para encontrar seu lugar, tanto em relação ao público como às mulheres e à família. Nem suas conquistas e seus casamentos lhe trouxeram a serenidade.

Certa vez, o talentoso ator britânico chegou a dizer: "odeio tudo que faço". Este filme revela os tormentos de um ator carismático que, graças às dúvidas e ao humor, soube emocionar o mundo inteiro.

EFE
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