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Cinema

 
 

Geoffrey Rush brilha no papel de Peter Sellers

21 de maio de 2004 17h30

O gênio cômico britânico Peter Sellers disse certa vez: "Me ver como pessoa na tela seria uma das coisas mais maçantes imagináveis."

Na sexta-feira, porém, os premiados com o Oscar Geoffrey Rush e Charlize Theron mostraram que discordam, ao exibir performances notáveis nos papéis do atormentado cômico e sua sofrida mulher Britt Ekland.

Rush, que em 1996 ganhou o Oscar pelo papel do pianista maníaco em Shine, passou cinco horas diárias sendo maquiado para recriar o mímico mestre no filme The Life and Death of Peter Sellers.

Não apenas ele aparece estranhamente parecido com Sellers, como conseguiu captar a essência deste, um camaleão que projetava toda uma galeria de personagens de grande destaque, mas, infelizmente, não compreendia e aceitava sua própria personalidade tremendamente tumultuada.

"Odeio tudo o que faço", disse Sellers certa vez. Ele morreu de ataque cardíaco em 1980, aos 54 anos, um recluso convencido de sua própria mediocridade.

Um de seus maiores triunfos foi o papel do desajeitado Inspetor Clouseau nos filmes da série Pantera Cor-de-Rosa, dirigidos por Blake Edwards (que, no filme atual, é representado por John Lithgow).

A personalidade contraditória e enfurecedora de Sellers foi resumida à perfeição por Edwards quando ele declarou, certa vez, falando do ator: "Nunca amei tanto um homem. Nunca ri tanto. E nunca odiei tanto um homem."

Baseado numa biografia escrita por Roger Lewis, o filme retrata a crueldade inesperada, os acessos de raiva e de desespero que acometiam Peter Sellers.

Geoffrey Rush disse que não abordou o papel como biografia pura e simples. "Pensei em Sellers como personagem dramático", o ator contou a jornalistas após a exibição do filme.

Ele contou que um dos insights mais reveladores sobre Sellers lhe foi dado pela atriz Goldie Hawn, que contracenou com Sellers em There's a Girl in my Soup, quando ela disse:

"Era como ver um homem equilibrando-se sobre um alfinete."

Charlize Theron, premiada com o Oscar pelo papel de uma serial killer em Monster, disse que o filme "foi interessante porque, pela segunda vez, representei uma personagem real, viva."

Segundo alguns jornais, Britt Ekland, que foi casada com Sellers entre 1964 e 1968, se opôs totalmente à escolha de Theron para representá-la.

Mesmo assim, os produtores de The Life and Death of Peter Sellers esperam que ela compareça à exibição do filme marcada para a noite desta sexta.

O diretor do filme, Stephen Hopkins, comentou: "Espero que (o filme) seja uma visão razoavelmente compassiva de um homem que teve uma vida muito difícil."

Reuters
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