Cinema latino-americano brilha em Cannes

O diretor brasileiro Walter Salles está entre os favoritos para ganhar a Palma de Ouro, com Diários de Motocicleta, um filme lírico que leva o espectador da Argentina até a Venezuela nos passos de um jovem Ernesto "Che" Guevara.

O filme tem como estrela o ator mexicano Gael Garcia Bernal, que levou multidões ao frenesi na sua aparição na noite de estréia de La Mala Educación, do diretor espanhol Pedro Almodóvar, não deixando dúvidas de que sua carreira está em plena ascensão.

A diretora argentina Lucrecia Martel também chamou a atenção com La Niña Santa, história obscura que se passa em um claustrofóbico hotel provinciano. Enquanto alguns críticos a consideraram um novo talento, outros deixaram a exibição insatisfeitos.

Enquanto isso, o ministro da Cultura, o mundialmente famoso Gilberto Gil, levou alguns ritmos tropicais à Riviera francesa, para promover um festival de cinema brasileiro.

"Esse é um bom momento para nós," afirmou o produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto. "Estamos mostrando que podemos fazer filmes nacionais com um padrão internacional usando temas locais."

A Argentina surgiu como uma força, apesar da profunda crise econômica que solapou os recursos dos produtores de filmes. "Esse processo foi muito doloroso, mas também criou uma grande necessidade em todos nós de nos expressarmos", disse o ator Rodrigo de la Serna, que também estrela o filme Diários de Motocicleta.

Hollywood está acordando para o talento da vizinhança e recrutando talentos da América Latina para filmes em língua inglesa. O diretor mexicano Alfonso Cuaron acaba de concluir o último filme de Harry Potter, enquanto o brasileiro Fernando Meirelles está filmando The Constant Gardener. Rodrigo Santoro deu um salto das novelas brasileiras para papéis em As Panteras e Simplesmente Amor.