O diretor Michael Moore
Foto: Reuters
O filme denuncia a manipulação da opinião pública após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos para justificar a Guerra no Iraque. Segundo Moore, o conflito teria sido motivado exclusivamente pelos interesses econômicos aos quais a família Bush está ligada.
A Casa Branca respondeu ao sucesso do documentário com aparente naturalidade: "É um país livre. É o que faz dos Estados Unidos um país maravilhoso". "Todos têm o direito de dizer o que querem. Mais do que isso, não vamos comentar", resumiu a porta-voz da Casa Branca Suzy DeFrancis à AFP.
Além de se negar a distribuir o filme, a Disney também impediu sua subsidiária, Miramax Films, de prestar o serviço na divulgação de Fahrenheit 9/11.
O presidente da Disney, Michael Eisner, alegou que o filme poderia ter impacto negativo na campanha do presidente à reeleição. Fahrenheit 9/11 é um filme apropriado, disse, mas não queremos tê-lo em meio a um processo político. Somos uma companhia apartidária, continuou.
A Miramax, comprada pela Disney há 10 anos, foi um dos principais investidores do projeto de Moore há um ano.
A Disney tem um acordo contratual com os chefes da Miramax, Bob e Harvey Weinstein, que impede a empresa de divulgar determinados filmes. Entretanto, os executivos da Miramax argumentam que a proibição da Disney não está contemplada no contrato.
Em 12 de maio, porém, a Miramax anunciou um acordo segundo o qual a Disney venderia o Fahrenheit 9/11 aos Weinstein, que poderiam buscar um novo distribuidor não associado à Disney.
"Graças a vocês, os Estados Unidos não serão o único país a não ver este filme, ironizou Moore, ao receber a premiação em Cannes. "Há quem queira ocultar a verdade, mas o povo quer a verdade e é preciso tirar a verdade do armário", acrescentou.
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