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Cinema

 
 

'Os Normais 2' aposta na empatia de Rui e Vani

28 de agosto de 2009 13h10 atualizado às 13h43

Rui e Vani continuam em forma. Foto: Davi Almeida/Divulgação

Rui e Vani continuam em forma
Foto: Davi Almeida/Divulgação

Há uma certa cumplicidade com a piada quando se vê Rui e Vani projetando na tela a estranha e hilária normalidade nossa de cada dia. Agora, depois de um hiato de seis anos sem dar o ar da graça e da completa piração de ser um casal, esses dois estão de volta em Os Normais 2, filme cujo volume de distribuição é sintomático não apenas da empatia e familiaridade que o casal costuma provocar, como de uma incipiente indústria de cinema nacional que já se sente mais confortável em espalhar pelo País cerca de 400 cópias de um filme made in Brazil. Para se ter um ideia do que o número representa, o blockbuster G.I. Joe: A Origem de Cobra estreou no último dia 7 de agosto com 367 cópias.

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Com uma pesada campanha publicitária aliada aos benefícios de divulgação de uma produção Globo Filmes, Os Normais 2 estreia trazendo o que o diretor José Alvarenga Jr. chama de "a volta da boa sacanagem". Por sacanagem, Alvarenga deixa implícito o tipo de conteúdo que cerca uma conversa de bar na esquina depois do terceiro chope, ou seja, naquele espaço antes da embriaguez e bem depois da sobriedade, onde questões cotidianas ganham um senso de humor de domínio público.

Vários desses elementos cotidianos continuam presentes no segundo filme dos Normais, ainda que um outro tipo de piada, essa mais afeita a gags e a um humor radialista, tenham seu espaço de destaque nessa produção. Há uma clara resolução do diretor de atingir um público mais vasto que aquele que costumava assistir à serie, ou mesmo ao primeiro filme, exibido em 2003.

Peneirando essas cenas que demonstram uma mão mais pesada na direção e uma abordagem mais popularesca, o filme consegue ter uma generosa fatia de cenas impagáveis. E, claro, não é preciso esclarecer que não se pode criar expectativas de uma obra fechada no meio cinematográfico. Os Normais 2 é lançado com um depoimento que o diretor imprimiu no material distribuído para a imprensa e que ele solta aos quatro ventos por onde anda: "Esse filme é como se fosse um episódio especial que não foi ao ar". Em outras palavras, este é um cinema sem vergonha de ser o que é: televisão.

E na tela grande desse episódio exibido no escurinho da pipoca e refrigerante, Rui e Vani continuam em boa forma. Há de se louvar o texto sempre rápido e bem sacado dos roteiristas (Alexandre Machado e Fernanda Young), mas é inegável que o grande mérito desses dois personagens está e sempre esteve em seus dois intérpretes: Luiz Fernando Guimarães e Fernanda Torres.

Os dois atores sustentam as cenas com uma "normalidade" tão absurda que transformam um texto ficcional em um diário das pequenas confissões do público. Aliás, quem ri com Rui e Vani ri de si mesmo.

E desta vez, os dois enfrentam um problema vivido por 10 entre 10 casais: crise no relacionamento. Depois de 13 anos noivos - a lembrar que eles nunca se casaram - Rui e Vani abrem este filme com uma sequência que se lança Pedro Almodóvar e fecha Woody Allen. A luz dos holofotes joga sobre o casal a letra de Livin' la Vida Loca, música que eles cantam na abertura do filme. Mas não demora muito para se entender que todo aquele glamour e excitação se reduz a uma apresentação para mesas (quase) vazias de um bar mofado de boas perspectivas. Eis a realidade de um sábado à noite na vida de um casal que, aparentemente, não tem mais pra onde recorrer na missão de reaver a "vida louca". A não ser, claro, que eles utilizem o último recurso: um ménage à trois.

O que se vê então no cinema é uma noite da vida de Rui e Vani a procura de um terceiro elemento - neste caso, uma mulher - que dê uma virada na monotonia sexual que se transformou a vida deles. Alguns desses "terceiros" personagens são mais atrativos que outros - a sequência com Cláudia Raia dançando axé e logo depois na banheira são certamente um ponto alto - mas de uma maneira geral as melhores cenas acontecem mesmo quando Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães têm domínio completo da situação.

Os Normais 2 se constrói assim entre a base de dois atores que sabem o que fazem e uma direção que atira para vários lados, seja na piada, seja na quantidade de salas de cinema do País.

Redação Terra