Viggo Mortensen considera 'The Road' uma história de amor
No papel do pai que tenta sobreviver com seu filho por um Estados Unidos, e supõe-se o planeta, devastado por algum tipo de hecatombe, o ator Viggo Mortensen disse considerar
The Roaduma história de amor. "Temos um homem arrasado com o desaparecimento da mulher (papel de Charlize Theron) e que faz de tudo para manter a salvo seu filho", disse, em entrevista aos jornalistas, o Aragorn da trilogia
O Senhor dos Anéis. "A conexão que se estabelece entre eles é o tema do filme, uma história de amor de apelo universal para qualquer pessoa nessa condição de protetor, especialmente os pais."
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A trama é adaptada da novela homônima do premiado e cultuado escritor americano Corman McCarthy, já lançada no Brasil com o título A Estrada, mesmo nome com que chegará aos cinemas no início do próximo ano. Outra referência recente de McCarthy para o público brasileiro é a versão para as telas dos irmãos Coen de Onde os Fracos Não Têm Vez - vencedor de, entre outros, o Oscar de Melhor Filme de 2008.
Enquanto no filme dos Coen existe a recorrente figura do serial killer em ação, no filme dirigido por John Hillcoat, presente na competição oficial, todo ser humano sobrevivente da tragédia é potencialmente um vilão. Na falta de alimento, o canibalismo se tornou regra. Nem por isso, a história se estabelece como um thriller de horror ou um filme-catástrofe, gênero surrado por Hollywood que aborda a destruição do planeta por cataclismos ou invasão extraterrestre, por exemplo.
A idéia de McCarthy - que na trama não esclarece a razão exata da destruição relatada na história - é contemplar a discussão do que resta de humano numa situação limite, onde ética e confiança passam a ser valores esquecidos. "É nesse extremo que se encontram pai e filho, sem comida, sem abrigo e sem amigos. Não é possível confiar em ninguém", acrescenta Mortensen. O ator, que é pai de Henry, de 21 anos, disse que fazer o filme foi uma experiência dolorosa ao pensar como é difícil proteger um filho do mundo. "Foi isso que me levou a fazer o filme."
O ator disse que não conversou com McCarthy sobre o filme ou o livro, antes de filmar. "Mas liguei para ele um dia e trocamos impressão sobre a condição de se proteger os filhos."
Para o diretor Hillcoat, ler o livro de McCarthy foi um impacto. "O desgaste emocional pelo qual passam esses personagens me perturbou na hora. Corman tem grande habilidade para criar contrastes humanos. É um autor brilhante, um dos grandes do mundo", afirmou o diretor.
Ao dividir a mesma opinião, o roteirista Joe Penhall lembrou a fase pessoal difícil que vivia quando adaptou o livro. "Tinha acabado de perder meu pai e meu primeiro filho tinha acabado de nascer."