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Cinema

 
 

Neta de Mélies vende coleção ao Centro Nacional de Cinematografia

14 de dezembro de 2004 14h10

A neta do diretor e produtor de cinema francês Georges Mélies (1861-1938), um dos pais do cinema, cedeu sua coleção ao Centro Nacional da Cinematografia (CNC) francês, anunciou um comunicado nesta terça-feira.

A coleção tem mil de peças, entre elas 300 desenhos originais, dois óleos sobre tela pintados por Mélies, um retrato seu pintado por Roszezewski em 1887, diversas peças manuscritas, cartazes e um arquivo excepcional de 300 fotografias originais, e custará ao Estado francês 650 mil euros.

Com a coleção Mélies, o CNC possuirá também "dois objetos únicos no mundo: o 'papelão fantástico', do mágico Robert-Houdin, e o 'armário do decapitado recalcitrante' de Mélies", ressaltou o Ministério francês da Cultura.

O ministro francês da Cultura, Renaud Donnedieu de Vabres, comemorou a aquisição desta "excepcional e histórica coleção que faz parte do patrimônio cinematográfico nacional e que será colocado à disposição da Cinemateca francesa" para que o público a descubra a partir do próximo semestre na exposição permanente "Paris Cinema".

Georges Mélies, ilusionista profissional quando descobriu os primeiros filmes dos irmãos Lumiére, inventores do cinematógrafo, se tornou um dos pais do cinema considerado arte, não para reproduzir a realidade, mas para expressá-la e interpretá-la com uma linguagem específica.

O criador da Academia de Ilusionismo em 1891, tinha conciliado antes durante dois anos a direção do Teatro Robert-Houdin e, com o pseudônimo Géo Smile, trabalhou como jornalista e desenhista para o jornal satírico La Griffe.

À frente do Teatro Robert-Houdin, Mélies montou pequenos mas verdadeiros espetáculos com cenário, figurino e roteiro, como "La Stroubaika Persane" e "Le Décapité Récalcitrant", que já possuíam alguns dos elementos que depois caracterizariam seu cinema, como a maquinaria e os truques.

Famoso desde 1902 com seu filme "Viagem à lua", inspirado no romance de ficção científica de Julio Verne, Mélies tinha rodado seu primeiro filme poucos meses depois dos irmãos Lumiére estrearem o seu, em 1896.

Cheio de imaginação e capacidade de trabalho, inventor de grande parte dos truques ainda hoje usados no cinema, Mélies criou todo um império cinematográfico a partir do qual fez quase quinhentos filmes antes de se afastar, em 1913, por não poder competir com os poderosos estúdios que começavam a surgir.

Entre os filmes que rodou ou produziu estão as primeiras versões de "Cleópatra" (1899), "Cristo andando sobre as águas" (1899), "A viagem através do impossível" (1904) e "Hamlet" (1908).

EFE
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