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Cinema

 
 

Polanski rompe longo silêncio sobre sua extradição

03 de maio de 2010 19h59

Polanski envia comunicado e fala sobre extradição. Foto: Reuters

Polanski envia comunicado e fala sobre extradição
Foto: Reuters

Pondo fim a um longo silêncio, Roman Polanski falou sobre sua possível extradição aos Estados Unidos devido a um crime sexual cometido 33 anos atrás, em uma declaração que acusa as autoridades da Califórnia de "tentar me entregar de bandeja à mídia mundial", em lugar de honrar aquilo que o cineasta descreve como um acordo, assinado décadas atrás, para limitar sua punição ao tempo que ele já havia passado em detenção.

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"Decidi romper o meu silêncio a fim de me dirigir diretamente a vocês, sem quaisquer intermediários e em minhas próprias palavras", afirmou Polanski no comunicado, distribuído à mídia noticiosa no domingo.

O texto de 908 palavras foi colocado em circulação pelo filósofo francês Bernard-Henry Lévy, diretor da revista online francesa La Règle du Jeu e amigo de Polanski. O cineasta premiado com o Oscar, cujos filmes incluem O Pianista e Chinatown, foi detido na Suíça em 26 de setembro. Ele desde então está sob custódia das autoridades com vistas a uma possível extradição, por um processo relacionado à sua detenção em 1977, depois que fez sexo com uma menina de 13 anos de idade.

Acusado de diversos delitos, entre os quais estupro, Polanski se declarou culpado de sexo ilegal com uma menor de idade. Passou 42 dias em uma penitenciária estadual da Califórnia para avaliação psiquiátrica, mas fugiu dos Estados Unidos antes que o juiz Laurence Rittenband proferisse a sentença final do caso.

Os advogados de Polanski argumentaram que Rittenband, que morreu em 1993, cometeu impropriedades em sua condução do caso, e havia prometido que o período de detenção para avaliação psiquiátrica de Polanski seria o de sua sentença total.

Promotores públicos norte-americanos e um juiz do tribunal superior do condado de Los Angeles insistiram em que Polanski não tem direito de apresentar essa argumentação sem que retorne aos Estados Unidos. Mas os advogados do cineasta argumentam que o pedido de extradição apresentado às autoridades suíças oculta fatos que demonstrariam que o cineasta não se qualifica para extradição.

A promotoria pública do condado de Los Angeles contesta vigorosamente essa alegação. O tribunal de Los Angeles marcou audiência na próxima segunda-feira para debater uma petição de Los Angeles, que solicita a suspensão do sigilo sobre o recente depoimento do promotor público que conduziu o caso original, Roger Gunson, o qual, segundo os advogados do cineasta, inclui descrições sobre a conduta indevida do juiz e sobre a limitação de sentença proposta.

"Já não posso manter o silêncio porque a solicitação de minha extradição às autoridades suíças tem por base uma mentira", escreveu Polanski em seu comunicado.

Sandi Gibbons, porta-voz da promotoria do condado de Los Angeles, diz que, porque o assunto está em estudo pela Justiça suíça, "reservaremos nossos comentários para quando as autoridades da Suíça anunciarem sua decisão sobre a situação dele como fugitivo".

The New York Times
The New York Times