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Cinema

 
 

À meia-noite levarei seu coração: bastidores de uma sessão de 'Eclipse'

30 de junho de 2010 15h54 atualizado às 18h52

Jacob (Taylor Lautner) e Bella (Kristen Stewart) em momento quente. Foto: Divulgação

Jacob (Taylor Lautner) e Bella (Kristen Stewart) em momento quente
Foto: Divulgação

ALERTA SPOILERS: ESSE TEXTO PODE REVELAR FATOS IMPORTANTES DA TRAMA.

Pouco antes das 23h, alguém grita lá do fundo: "Olha o Justin Bieber!" Ainda faltava uma hora para que o projetor fosse ligado e todos pudessem finalmente rever os olhos amendoados de Edward e o torso tanquinho de Jacob. Mas a sala ia se enchendo e os adolescentes mal conseguiam conter a ansiedade. De onde se explica as atenções desviadas para o corte de cabelo do "Justin Bieber" em questão. Várias ligações e mensagens de SMS depois ("quando acabar o filme te ligo", "não tem mais ingresso, a sala tá cheia"), a tela se ajusta. Respiração em suspenso. Sim, depois de oito meses de uma espera que só conseguia ser amenizada com cartazes colados na parede do quarto, todos na sala estavam prontos. A luz se apaga. O momento é de Eclipse.

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O logo da Summit Entertainment surge em cena, entra o título do filme e logo vemos a imagem de um rapaz saindo de um bar, naquele clima de fim de noite. "Já começou?", as meninas perguntam. "Não tem trailer?", um rapaz questiona. "É o Riley. Começou", conclui a moça, com uma pontuação na voz que beirava o profético. Estava entendido que esta não era uma sessão normal de cinema.

À meia-noite, só os fãs de carteirinha, aqueles que não se incomodam, na verdade até fazem questão de legendar todas as cenas com comentários, suspiros e interjeições que parecem fazer parte à exibição do filme em si. É de se imaginar até que uma sessão de qualquer título da saga Crepúsculo fique meio sem sentido sem os cochichos entre as cadeiras.

O Riley citado sai de cena. Do cenário noturno somos introduzidos ao dia primaveril de Edward e Bella. O público fala em voz baixa. Tudo muito comportado. Até o momento em que ele, sim, ele entra em cena. Estamos falando de Jacob. Com o cabelo úmido de gel, uma semifranja virada para o lado e uma camisa preta dois tamanhos abaixo do que um rapaz de seu porte normalmente vestiria. As meninas não se contêm e finalmente o cinema ecoa um (quase) uníssono "ahhhwwwnnn".

Edward não gosta. Jacob provoca. Edward tem o estilo e o glamour. Jacob tem o corpinho e a moto. Diante dessa partida de tênis, com a bolinha para lá e para cá, Bella e todas as meninas que assistem ao filme parecem refletir a mesma expressão boquiaberta. Aliás, diante de um Edward com beleza de Apolo e de um Jacob com vigor de Ares, Bella funciona como um decalque das moças que não precisam ser exatamente uma Afrodite para contemplar os deuses do Olimpo. Bella é humana, assim como é a plateia que assiste ao filme. Já Edward e Jacob são figuras mágicas, daquelas que você só consegue imaginar em sonhos quentes de uma noite de verão.

Sonhos quentes estes que parecem ser o centro da trama escrita pela best-seller Stephenie Meyer. Podem falar de valores resgatados (casamento, cortejos, virgindade), mas é o sexo que move essa história em seu começo, meio e fim. A tensão sexual é a linguagem que melhor repercute entre adolescentes de ambos os sexos e na movimentada sessão da meia-noite os maiores suspiros acontecem sempre quando a temperatura esquenta entre os personagens.

O sexo mágico, entre uma humana e seres tão inatingíveis quanto Robert Pattinson e Taylor Lautner. Em se falando neste último, é preciso pontuar que quando ele surge pela primeira vez sem camisa em Eclipse, uma garota coerentemente questiona para a amiga ao lado: "Por que demorou tanto para ele aparecer assim?".

A pertinente pergunta logo se acalmaria com a quantidade de vezes em que o mesmo Jacob surge em cena descamisado. "Tadinho", diz uma fã. Afinal de contas, como pode um rapaz assim tão bem formado ser dispensado por uma garota com camisa de flanela? Team Jacob 1 x Team Edward 0.

"Toma desgraçada!"

O filme se segue com algumas inserções narrativas sobre guerras, confrontos e algumas cenas de ação necessárias para manter os namorados mais ou menos entretidos. E aí novamente a diversão do filme são os comentários do público. Quando Victoria, a vampira má que saiu de alguma novela mexicana, é finalmente abatida por Edward, uma jovem não se contém e fala alto no cinema: "Toma desgraçada!". Team Jacob 1 x Team Edward 1. Jogo empatado.

Mas aí então eis que Jacob se fere na batalha. Corta para o momento em que ele está convalescendo no quarto e chama Bella para uma conversa a sós. A câmera se aproxima. O conteúdo dramático da cena poderia ser resumido como "mesmo sofrendo dores lancinantes, rapaz machucado faz novas juras de amor eterno à sua amada". Mas o que vemos é algo mais próximo do "mesmo sofrendo dores lancinantes, rapaz exibe seu visual bronzeado e suado e diz que vai amar aquela moça até depois que seu coração parar de bater". O drama épico de Dr. Jivago é fichinha diante disso. Mais um gol de Jacob.

Estamos nos 45 minutos do segundo tempo quando novamente vemos aquela paisagem primaveril do começo do filme. Close em Edward. A câmera flerta com ele, Bella flerta com ele, as meninas no cinema flertam com ele, as mães das meninas flertam com ele. Jacob...ops, Jacob está fora do jogo mais uma vez. Qualquer câmera fechada em Robert Pattinson é ponto para o time dos vampiros. E mais uma vez o filme se encerra.

Não temos ainda um vencedor. Apenas (apenas?) o público extasiado. Amanhecer, o quarto título da série, será dividido em dois tempos, como numa prorrogação que parece se encaminhar para os pênaltis. Até lá, tudo que se espera são mais beijos de boca, camisas desabotoadas e pele exposta ao sol. Enfim, o sexo mágico dos seres que só são adorados porque não podem, de fato, existir.

Redação Terra