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Cinema

 
 

Crítica e júri concordam com resultados do Festival de Cannes

21 de maio de 2005 17h08

Tommy Lee Jones ganhou o prêmio de melhor ator com  The Tree Burials of Melquiades Estrada. Foto: Reuters

Tommy Lee Jones ganhou o prêmio de melhor ator com The Tree Burials of Melquiades Estrada
Foto: Reuters

A crítica internacional e o júri oficial concordaram neste ano que os três prêmios mais importantes de Cannes - Palma de Ouro, Grande Prêmio e Melhor Direção - deveriam ser entregues, respectivamente, aos irmãos Dardenne, a Jim Jarmusch e a Michael Haneke.

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Especial Festival de Cinema de Cannes 2005

L'Enfant, dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, é um filme que, por meio de uma exemplar economia de meios, de pretensão e de retórica, mostra a vida de um jovem bastante inocente, que sobrevive cometendo pequenos roubos, de sua namorada e de seu filho.

O americano Broken Flowers, de Jim Jarmusch, que ganhou o Grande Prêmio, é outra mostra de bom cinema. Nesse caso, um irônico e contido Jarmusch conta a história de um Don Juan em decadência, que recebe uma misteriosa carta na qual uma mulher desconhecida anuncia que teve um filho seu há 19 anos.

Quanto ao filme francês do austríaco Michael Haneke, Caché, é uma obra misteriosa, que funciona como uma metáfora da existência de um homem que esconde um segredo.

O americano Tommy Lee Jones, diretor e protagonista de The Three Burials of Melquiades Estrada, recebeu o prêmio de melhor ator. O filme também levou o prêmio de melhor roteiro ao mexicano Guillermo Arriaga.

The Three Burials of Melquiades Estrada trata de uma história de vingança, mas que, ao mesmo tempo, está cheia de bondade e boas intenções.

O prêmio de melhor atriz foi para Hanna Laslo, por Free Zone, do israelense Amos Gitai. O filme analisa o conflito árabe-israelense do ponto de vista de uma polêmica perspectiva econômica.

O chinês Xangai Dreams, de Wang Xiaoshuai, que ganhou o Prêmio do Júri, é uma obra bem simples, que não recebeu muitos elogios da crítica internacional.

L'Enfant
Os ganhadores da Palma de Ouro, após a projeção da obra, disseram que a idéia do filme ocorreu em 2002, quando estavam rodando seu trabalho anterior, Le Fils.

"Durante a manhã, a tarde e a noite - disseram -, víamos passar uma jovem mulher levando um carrinho onde dormia um bebê. Ela não parecia ter um destino fixo, somente empurrava o carro."

"Muitas vezes, depois, pensamos naquela jovem, no bebê dormindo e, principalmente, em quem não estava ali, o pai do menino. O ausente foi se tornando o protagonista de nossa narração. Trata-se de uma história de amor e da história de um pai", explicaram os irmãos.

Os irmãos Dardenne fizeram inúmeros documentários. Entre seus longas-metragens de ficção mais conhecidos estão La Promesse, Rosetta (que em 1999 ganhou a Palma de Ouro e o prêmio de melhor atriz em Cannes) e Le Fils (que em 2002 ganhou o prêmio de melhor ator em Cannes).

L'Enfant é um filme sutil, feito com emoção verdadeira, que se destaca como um diamante nesta disputa na qual abundam falsos bons filmes e frias fórmulas.

Na obra de Jarmusch, as pressões de um amigo e a curiosidade impulsionam o protagonista a visitar quatro ou cinco mulheres com as quais teve relação, para investigar se alguma delas é a mãe de seu filho.

O filme de Jarmusch é uma parábola sobre a incompreensão entre homens e mulheres e sobre o papel que a ambigüidade tem nesse aspecto.

Xangai Dreams, que obteve o Prêmio do Júri, conta ao longo de quase duas horas a história de um conflito familiar que começa por um conflito político. Em meados dos anos 60, o governo chinês - temendo um enfrentamento com a União Soviética - obrigou as fábricas mais importantes a se instalarem no interior do país para formar ali uma "terceira linha de defesa".

Por causa disso, muitos operários abandonaram as grandes cidades onde viviam e foram para as áridas terras do oeste da China com suas empresas.

O filme americano The Three Burials of Melquiades Estrada narra, de maneira consistente e sólida, a história da punição de um assassinato. A única concessão à originalidade nesse filme de tema tradicional acontece porque o passado, o futuro e o presente se misturam.

A obra se baseia em um fato real: o homicídio involuntário de um trabalhador clandestino mexicano por parte de um guarda de fronteiras americano, entre o oeste do Texas e o norte de Chihuahua.

O roteiro do filme, que deu o prêmio ao mexicano Guillermo Arriagam, mostra com sutileza as diferentes linguagens e formas de mostrar o mundo dos habitantes da região.

EFE
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