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Cinema

 
 

Filmes sobre mulheres separadas são exibidos em Veneza

06 de setembro de 2005 11h01 atualizado às 11h39

Três filmes que narram a história de mulheres separadas -o esperado Romance and Cigarettes, de John Turturro; Mary, do também americano Abel Ferrara, e I giorni dell'abbandono, do italiano Roberto Faenza- foram exibidos hoje na competição oficial da Mostra de Veneza.

Os três filmes compartilham o mesmo tema, mas são totalmente diferentes quanto a sua concepção e seu desenvolvimento.

Enquanto o filme de Turturro é uma comédia musical com final trágico, a obra de Ferrara entra perigosamente pelos roteiros da mística religiosa, e a de Faenza limita-se a contar, com o previsível estilo de um telefilme, a vida de uma mulher enganada pelo marido.

O longa que mais interessou a crítica internacional foi o primeiro. Turturro faz um filme de paródia, com momentos muito divertidos, mas chega a cair no drama e no politicamente correto.

A história é simples: a mulher de um operário descobre que ele está perdidamente apaixonado por outra mulher e o coloca para fora de casa. O filme narra as diferentes maneiras como o marido tenta voltar ao lar.

Com a estrutura de um musical, Romance and Cigarettes começa de modo provocativo com imagens e diálogos muito altos e até grosseiros, que indicariam diversão garantida. No entanto, o filme perde fôlego e termina com a esperada, moral e correta morte do homem que fuma.

Os protagonistas, Nick Gandolfini e Susan Sarandon, estão ótimos e dão verossimilhança a uma história de amor que derrama excessiva ternura por todos os quadros, apesar da chateação aparente dos personagens.

Turturro disse após a exibição que a idéia para fazer este longa surgiu enquanto interpretava Barton Fink (1991), dos irmãos Coen. "Foi curioso porque meu personagem era um roteirista e para desempenhar bem esse papel, pensei que o melhor era me colocar em sua pele e comecei a escrever uma história de verdade", disse. "A idéia foi concretizada enquanto estava montando meu segundo filme, Illuminata (1998), em que há um musical. Me lembrou as anotações que tinha feito. Todos sonhamos alguma vez com nos expressar usando a música e foi isso o que eu fiz".

Mary, de Ferrara, conta uma história quase bíblica. Um diretor independente filma a história de Jesus e dá o papel de Madalena a uma atriz chamada Maria.

Terminada a filmagem, Maria decide deixar o diretor e não voltar com ele para Nova York. Seguirá seu próprio caminho de busca espiritual até chegar a Jerusalém. O filme é confuso e não se sabe onde Ferrara quer chegar com sua parábola. A mística e a realidade se misturam desorganizadamente e o resultado é um filme que por momentos é ininteligível. Nem os atores, Juliette Binoche e Forest Whitaker, conseguem tirá-lo do caos em que fica.

Segundo Ferrara, quando era um menino e freqüentava um colégio católico no Bronx, uma vez, antes do feriado de Semana Santa, os professores o levaram para ver um filme sobre a paixão e morte de Cristo. "A última cena, quando o matam enquanto aumenta a tempestade, ficou gravada no coração. Nunca soube que filme era, mas me inspirou para fazer agora Mary", concluiu.

O filme de Faenza, finalmente, decepcionou a crítica internacional, que o considerou piegas e pouco interessante, cheia de clichês e de golpes baixos para emocionar o espectador. O longa é baseado no romance homônimo de Elena Ferrante e está eficazmente protagonizada por Margherita Buy e Luca Zingaretti, que fazem os papéis principais. Ela, principalmente, é muito convincente em seu papel de mulher abandonada.

EFE
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