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Cinema

 
 

O Jardineiro Fiel é aclamado em Veneza

09 de setembro de 2005 14h53 atualizado às 15h21

Cena do filme  O Jardineiro Fiel. Foto: Divulgação

Cena do filme O Jardineiro Fiel
Foto: Divulgação

O filme O Jardineiro Fiel, do diretor brasileiro Fernando Meirelles, foi recebido com aplausos pela crítica no Festival de Cinema de Veneza, onde estreou nesta sexta-feira.

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O longa, uma co-produção entre Reino Unido, Quênia e Alemanha que disputa o prêmio máximo da mostra, é baseado em um romance de John Le Carré e denuncia os horrores e experiências feitas na África por multinacionais farmacêuticas.

"As empresas farmacêuticas são como a indústria as armas", afirma um dos personagens do filme de Meirelles, premiado diretor de Cidade de Deus (2002), que marcou com seu estilo e ritmo a co-produção trinacional.

"Meirelles impregnou o filme com sua visão terceiro-mundista. Incluir a vida nas 'favelas' de Nairóbi em uma intriga internacional em meio a uma história de amor foi uma idéia genial", desmanchou-se o ator britânico Ralph Fiennes, protagonista do filme.

A morte brutal de Tessa (Rachel Weisz), esposa de um discreto diplomata inglês no Quênia (Fiennes), leva o funcionário, um jardineiro aficionado, a descobrir o profundo amor por sua mulher, assim como as atividades secretas que ela desempenhava como ativista e defensora da África.

Embora sua mulher tenha sido assassinada com o médico local, o diplomata se nega a aceitar que tenha sido um caso de infidelidade conjugal, como sustenta a versão das autoridades. Indignado com as insinuações, ele percorre um longo caminho para descobrir que, na verdade, Teresa foi morta por ordem da indústria farmacêutica que experimentava novos remédios contra a Aids em humanos.

"Os crimes das indústrias farmacêuticas são tremendos, mas não acho que vão protestar contra o filme, só me dariam publicidade", disse o cineasta. Queríamos denunciar o fato de que usam os africanos para fazer suas experiências, assim como o alto custo dos medicamentos e a proteção que têm dos governos", acrescentou.

O filme, que entra de verdade nos bairros pobres da capital queniana, mistura belíssimas imagens de desertos, cânions e savanas, conta com uma trilha sonora de ritmos musicais especiais, composta pelo espanhol Alberto Iglesias, conhecido por sua colaboração com o cineasta Pedro Almodóvar.

Também expõe a impotência da ajuda humanitária internacional diante da avidez dos poderosos e faz um apelo político para que o mundo ajude a população africana, vítima inocente da indústria.

"Não sou um militante, sou um idealista, e por isso acredito no poder do cinema. No passado participei de missões da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no Congo e em Uganda para sensibilizar a população sobre a Aids. Foram viagens que me fizeram entender que as coisas devem mudar", declarou Fiennes.

"Para mim foi mais fácil trabalhar porque pela primeira vez tivemos fundos. Eu trabalhei sempre com pouco dinheiro", disse Meirelles.

O diretor brasileiro, que conhece a bem-sucedida experiência do Brasil no combate à Aids, com a produção de medicamentos de baixo custo apesar das sanções comerciais, pesquisou a fundo sobre o problema na África.

"Tive que eliminar nove minutos de gravação com dados oficiais sobre as multinacionais farmacêuticas, por anos a indústria mais rica do mundo, depois do petróleo e dos bancos. Cortavam o ritmo da ação cinematográfica", explicou.

AFP
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