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Cinema

 
 

Filme de Clooney é favorito ao Leão de Ouro

09 de setembro de 2005 16h19 atualizado em 10 de setembro de 2005 às 02h45

Good night and good luck, segundo filme do astro de Hollywood, George Clooney, como diretor está entre os grandes favoritos ao disputado Leão de Ouro da 62ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza, que será encerrado neste sábado.

O filme de Clooney, que conta a luta do jornalista Edward Murrow contra o macarthismo imperante nos Estados Unidos dos anos 50, todo filmado em preto e branco e com seqüências e gravações originais da época, convenceu tanto a crítica quanto o público.

Faltando apenas um dia para o encerramento do festival, o cineasta, que vive boa parte do ano no Lago de Como (norte da Itália), voltou a Veneza, o que muitos consideraram ser um sinal de que não sairá da mostra de mãos abanando.

Não se exclui, tampouco, que o ator David Strathairn, que interpreta Murrow, pioneiro do jornalismo televisivo americano e inimigo do senador Joseph McCarthy pelos métodos que usava para perseguir os chamados inimigos do país, receba a Copa Volpi, prêmio para a melhor interpretação.

A última vez que um diretor americano recebeu o Leão de Ouro foi em 1993, com Short Cuts - Cenas da Vida, do consagrado Robert Altman.

A tarefa do júri, presidido pelo italiano Dante Ferretti e pelos cineastas Claire Denis (França) e Amos Gitai (Israel), entre outros, não será fácil pela diferença de estilos e narrativa dos 20 filmes concorrentes.

Entre os prognósticos da imprensa italiana está ainda Brokeback Mountain, o primeiro "western gay", do diretor Ang Lee, que conta de forma delicada e sóbria uma história de amor nos anos 60 entre dois vaqueiros rudes em um monte perdido dos Estados Unidos.

O australiano Heath Ledger, que interpreta valentemente um dos dois caubóis, é candidato à Copa Volpi por sua destreza como ator, demonstrada também em outros dois filmes, Casanova e Irmãos Grimm.

Na lista dos favoritos foi incluído na última hora o filme La bestia Nel cuore, da italiana Cristina Comencini, ovacionado por público e imprensa pela capacidade de contar no cinema uma história dramática, como o trauma de ser molestado sexualmente pelo pai na infância.

Os atores Giovanna Mezzogiorno e Luigi Lo Cascio, muito bem dirigidos pela filha do grande mestre do cinema italiano, Luigi Comencini, também estão entre os prováveis vencedores.

O cinema asiático, convidado de honra da edição de 2005, poderia ser este ano o grande perdedor, pois só o filme Lady Vendetta, do coreano Park Chan-wook, protagonizado pela belíssima Lee Young-ae, entrou na disputa.

Os três filmes franceses na competição - Les amants réguliers, de Philippe Garrel, uma volta lírica às revoltas de maio de 1968; Gabrielle, de Patrice Chéreau, sobre as contradições de um casal; e Vers le sud, de Laurent Cantet, uma análise sobre o turismo sexual feminino - são apoiados por parte da crítica e não se exclui que venham a receber um reconhecimento importante.

O festival, que este ano se desenvolveu com mais ordem e sob intensas medidas de segurança pelo temor de atentados, apresentou em caráter hors-concours onze estréias mundiais produzidas por Hollywood, entre elas o filme de animação A Noiva Cadáver, de Tim Burton, considerado uma verdadeira obra-prima.

"Não me sinto culpado pela ausência do cinema africano, árabe ou sul-americano na Mostra. Eu mesmo fui produtor de filmes destas regiões. A indústria cinematográfica em muitos países está morta", justificou o diretor da mostra, Marco Mueller, duramente criticado por esta decisão.

A notícia veiculada na véspera de que Roma inaugurará, em outubro de 2006, um festival de cinema internacional foi recebida como um desafio pelos organizadores da Mostra.

O festival romano fez tremer as autoridades venezianas, que temem perder o brilho e o prestígio conquistados em mais de 70 anos de existência.

AFP
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