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Cinema

 
 

Filme "O Código Da Vinci" não é ameaça, diz grupo católico

04 de maio de 2006 10h46 atualizado às 11h56

Tom Hanks e Audrey Tautou protagonizam  O Código da Vinci. Foto: Divulgação

Tom Hanks e Audrey Tautou protagonizam O Código da Vinci
Foto: Divulgação

Um grupo de proeminentes católicos ingleses criticou os apelos feitos pelo Vaticano para que seja boicotada a produção de O Código Da Vinci, argumentando que o filme não é uma ameaça, mas uma chance de explicar a fé deles, afirmou na quinta-feira o porta-voz desse grupo.

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Uma importante autoridade próxima do papa Bento XVI criticou o best-seller de Dan Brown, acusando-o de reunir mentiras anticristãs e conclamando os católicos a boicotar um novo filme baseado nele.

Mas Austin Ivereigh, secretário de imprensa do cardeal Cormac Murphy-O'Connor, principal prelado católico da Grã-Bretanha, afirmou que o grupo inglês proporia, em um comunicado a ser divulgado em breve, uma atitude diferente.

Entre os signatários desse comunicado estariam monges, freiras, teólogos e membros do grupo Opus Dei, atacado no livro. Murphy-O'Connor, arcebispo de Westminster, não deve assinar o documento.

"Não estamos defendendo boicotes nem protestos. Nossa opinião é a de que depende das pessoas saber se desejam ou não ver esse filme", disse Ivereigh à Reuters. Mas o porta-voz acrescentou que os produtores do longa-metragem deveriam deixar claro que a trama é ficcional.

O livro de Brown, que vendeu mais de 40 milhões de cópias em todo o mundo, levanta a possibilidade de Jesus ter tido um filho com Maria Madalena, de que ela fugiu para a França e de que descendentes do casal podem ser encontrados hoje. "O perigo é de que, ao dar sinais de que estamos sendo ameaçados, ofereceríamos ao livro e ao filme a credibilidade teológica de que eles não dispõem", afirmou Ivereigh.

Armadilha
No mês passado, o arcebispo Angelo Amato, segunda maior autoridade do órgão doutrinário do Vaticano, atacou o livro em uma conferência católica realizada em Roma. "Espero que os senhores boicotem o filme", pediu.

Ivereigh, resumindo as recomendações do grupo, afirmou: "Não acreditamos que seja positivo usar o tipo de linguagem que a autoridade do Vaticano usou porque, assim, caímos na armadilha montada por Brown, a de que a Igreja está na defensiva e de que realiza, há dois mil anos, uma operação para acobertar a verdade".

O filme tem Tom Hanks no elenco e estréia neste mês no festival de Cannes. É um lançamento da Columbia Pictures, uma subsidiária da Sony Pictures. A empresa é parte da gigante japonesa Sony Corp.

"Não vemos o lançamento do filme como uma ameaça, mas como uma oportunidade. Estamos preocupados com o fato de a Sony Corporation ter se recusado a colocar um aviso no começo do filme afirmando que se trata de uma obra de ficção", disse Ivereigh. "Não levamos a sério nem o livro nem o filme. Mas levamos a sério as pessoas que lêem o livro e vêem o filme. Muitas delas têm interpretado como fato a obra de ficção de Brown", acrescentou.

No romance, o escritor apresenta o grupo católico conservador Opus Dei como uma organização maquiavélica e inescrupulosa, cujos membros recorrem até mesmo a assassinatos para preservar os segredos da Igreja.

Ivereigh, que não é membro da Opus Dei, disse: "Essa é uma boa chance de nos explicarmos e de explicarmos a nossa fé. A Opus Dei tem recebido 200 emails por dia de pessoas que desejam ingressar nela. Propaganda não é ruim nunca".

Reuters
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