O elenco do filme
Foto: Reuters
Apesar do horário ingrato, 8h30, o trabalho profundamente comovente mas ao mesmo tempo hilário do diretor Denys Arcand prendeu a atenção do público e recebeu os maiores aplausos de qualquer filme exibido até agora.
"O filme é extremamente triste, e não sei por que isso acontece, mas existe uma magia na tristeza, e essa magia aparece no trabalho", disse o diretor.
Arcand deixou sua marca em Cannes com seu filme de 1987 O Declínio do Império Americano, uma crítica ao modo de vida norte-americano, que foi deixado de lado pelos organizadores até o último minuto, mas, assim que foi exibido, virou sensação do festival.
Várias produções depois, The Barbarian Invasions, sucesso no Quebec, onde estreou 10 dias atrás, reúne a ex-mulher de um professor universitário esquerdista, seu filho banqueiro, duas ex-amantes e alguns velhos amigos em torno do leito de hospital onde ele está morrendo, em Montreal.
O encontro traz à tona mágoas antigas e lembranças dos anos passados discutindo política, bebendo e vivendo a revolução sexual do final dos anos 1960. Tudo isso se junta para formar um longa-metragem que emociona o espectador.
Um dos 20 trabalhos que competem pela Palma de Ouro este ano, o filme também é repleto de referências a uma América que Arcand vê como sendo fadada a lutar contra uma enxurrada de ataques bárbaros, na esteira de 11 de setembro.
"Escrevi o roteiro ao longo dos últimos dois anos", disse ele aos jornalistas presentes. "O tema me assombrava havia muito tempo, mas sempre terminava em roteiros áridos, deprimentes".
"Um dia, tive a idéia de reunir o elenco de personagens bizarros de O Declínio do Império Americano - e seu senso de humor, seu cinismo e seus ditos espirituosos infundiram ao filme a leveza que eu procurava".
The Barbarian Invasions menciona uma série de questões, como a preferência da geração mais jovem por videogames no lugar de livros, o uso de drogas ilegais e até da eutanásia para aliviar o sofrimento.
"Você ri muito e se coloca o tipo de pergunta que chega com a meia-idade", disse o ator Remy Girard, que representa o professor hospitalizado, em coletiva de imprensa. "Aquilo nos comoveu muito e também comoveu ao público".
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