PUBLICIDADE

José Padilha promete 'Robocop' político e com elementos filosóficos

19 jul 2013 - 22h04
(atualizado às 22h55)
Compartilhar
Exibir comentários

O brasileiro José Padilha apresentou nesta sexta-feira (19), na feira Comic-Con, em San Diego (EUA), a nova versão do clássico de ficção científica Robocop, filme que chegará às salas de cinema em fevereiro de 2014 com um tom político muito definido, além de elementos filosóficos que, segundo o diretor explicou, trarão um debate para o espectador.

<p>O brasileiro dirige o filme que tem previs&atilde;o de estreia em fevereiro de 2014</p>
O brasileiro dirige o filme que tem previsão de estreia em fevereiro de 2014
Foto: Getty Images

"O filme original tinha um tom muito irônico e violento, com uma carga muito forte contra o fascismo e a sociedade", afirmou o cineasta, no hotel Hilton Bayfront, a poucos metros do Centro de Convenções de San Diego, onde acontece a feira.

"A relação entre o fascismo e a robótica vai estar muito presente. Lembre-se como a Guerra do Vietnã acabou quando começou a haver mortos americanos. A ideia é que dispor de robôs autônomos faz com que o governo não sinta essa pressão em casa. De certa maneira, acontece o mesmo com o uso dos drones", disse o cineasta de 45 anos.

Padilha ainda explicou algumas ideias que se desenvolvem no filme. "Se você imagina uma sequência por trás da bomba de Hiroshima, chega-se à imagem do presidente Harry Truman tomando essa decisão. Falamos de um humano. Alguém livre. Pode acertar ou se equivocar. Pode ser correto ou não. Mas, e se um robô assassinasse uma criança? De quem é a culpa? Propomos esse debate, porque os robôs evoluem e no futuro podemos nos dirigir a isso", disse.

O diretor ainda afirmou que a sátira reinante por meio da publicidade no filme original de Paul Verhoeven, que estreou em 1987, se manterá nesta atualização, embora centrada na figura dos meios de comunicação.

O diretor de Tropa de Elite (2007) e sua sequência estreia desta maneira em Hollywood em grande estilo, mas apesar das expectativas e o grande orçamento - cerca de US$ 100 milhões -, Padilha comentou que, para ele, foi uma filmagem a mais, sem maior pressão em comparação a outras ocasiões. "Filmei da mesma forma que no Brasil. Não sei fazê-lo de outra forma", afirmou.

Na apresentação do filme também estiveram Joel Kinnaman (o novo Alex Murphy/Robocop), Samuel L. Jackson, Michael Keaton e Abbie Cornish. Kinnaman, conhecido por seu trabalho na série The Killing, retoma o papel de agente da lei convertido em máquina de matar, algo para o qual garantiu estar mais do que preparado.

"Em minha vida assisti Robocop entre 25 e 30 vezes. Ensaiava sua voz e seus movimentos inclusive antes de saber que queria ser ator. Pode-se dizer que conhecia esse mundo. Embora não estivesse preparado para usar essa armadura", afirmou o ator, em um comentário que obteve rápida resposta por parte de Keaton.

"Pare de choramingar, eu fui o pioneiro deste tipo de filmes", disse, entre risos, em referência a seu papel de Batman nos filmes dirigidos por Tim Burton.

Kinnaman também comentou que os espectadores poderão realmente conhecer Alex Murphy, o policial ferido mortalmente cujo corpo é usado por uma poderosa corporação, a OmniCorp, para testar um protótipo robótico que poderia se transformar em uma eficaz arma de destruição.

Ao contrário do que ocorre na obra de Verhoeven, seu personagem, um homem casado e com filhos, voltará a seu núcleo familiar após sofrer uma tragédia e, já convertido em homem-máquina, tentará entrar em contato com seus entes queridos. "Não é fácil aceitar um corpo robótico em sua casa, incapaz de ter sentimentos por eles", sustentou.

Além disso, o ator contou que, nesta versão, aparecerão linhas de diálogo icônicas provenientes da trama original. "São um pequeno exemplo, mas não queríamos trazer tudo aquilo de volta. Não queríamos ser desrespeitosos", declarou.

Jackson, por sua vez, admitiu que lhe atraiu a ideia de participar do projeto porque guarda uma lembrança muito especial de quando viu o filme original pela primeira vez, além de que ficou entusiasmado com "a ideia de um Robocop moderno, com a tecnologia atual".

Enquanto isso, Keaton contou que aceitou participar no filme por causa de seu "roteiro inteligente" e prometeu um produto "extremamente entretido e relevante, com dilemas morais", enquanto Cornish reconheceu que a filmagem foi "a mais simples" de sua vida. "José é um diretor incrível e talentoso. Robocop teve uma grande importância em minha infância, portanto fazer parte disto foi um sonho", finalizou Cornish.

EFE   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade