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Ouvi 'não' por sete anos, diz diretor de filme que tem elenco com down

2 nov 2012 - 09h17
(atualizado às 10h00)
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Renan Truffi
Direto de São Paulo

Vencedor em duas categorias da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o diretor do filme Colegas, Marcelo Galvão, falou na noite desta quinta-feira (1), durante a cerimônia de premiação, sobre a dificuldade que teve para conseguir patrocinadores para o seu quinto longa-metragem. Isso porque o filme tem como protagonistas três atores com síndrome de down.

"O difícil não é fazer filme com eles, é convencer patrocinadores, os distribuidores, todo mundo que está envolvido no meio cinema, disseram que esse não era um filme sobre síndrome de down. Que esse era um filme para cima. Que ia gerar público, que as pessoas iam gostar. Isso é muito difícil convencer. Muitas empresas falam que não querem associar sua marca à síndrome de down. E ai agente acaba ouvindo não durante quase 7 anos. Então, quando a gente ganha um prêmio de público mostra que a gente está no caminho certo", afirmou.

Apesar disso, Colegas ganhou como melhor filme brasileiro em duas categorias diferentes: Prêmio do Público e Prêmio da Juventude. O filme fala sobre três jovens que têm o distúrbio e amam o cinema. Eles trabalham em uma videoteca e, inspirados pelo filme Thelma & Louise, resolvem fugir de carro em busca de seus sonhos. A ideia de filmar com protagonistas que têm síndrome de down surgiu da própria experiência pessoal do diretor, que tinha um tio com a doença.

"Daí veio a vontade de escrever não sobre síndrome de down, mas sobre essa energia, sobre o jeito que ele me deixava quando passava férias na minha casa. Era uma pessoa super divertida, engraçada, com coração enorme, queria que o filme tivesse essa energia, essa pegada. Eu sabia que, se eu tivesse três protagonistas com síndrome de down, isso ia imprimir", explicou.

Além disso, Marcelo Galvão falou sobre como foi gravar com os jovens. "Eles têm um lance do compromisso, do comprometimento, tem um lance do acreditar no personagem. O lúdico para eles é algo muito próximo, então se você fala para ele que é um gênio, em 10 segundos ele é um gênio. Às vezes, você pega um ator e você precisa desconstruir esse ator. Você precisa que ele pegue métodos para criar esse personagem. Eles (atores com síndrome de down) não. É muito fácil. Óbvio que existe problemas. A dicção é um problema. Tem que gravar várias vezes para entender. O grande lance é que a gente virou uma família".

Após a premiação, Marcelo Galvão falou sobre como foi gravar com os jovens
Após a premiação, Marcelo Galvão falou sobre como foi gravar com os jovens
Foto: Bruno Santos / Terra
Fonte: Terra
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