Clooney vai a coletiva em Berlim e só fala de refugiados
"Quero conversar amanhã com a chanceler Merkel sobre esse tema", disse ele, na entrevista coletiva para apresentação de "Ave, Cesar!"
Enquanto todos aguardavam George Clooney falar sobre seu novo filme na 66ª edição do Festival de Berlim, o ator americano surpreendeu e se mostrou mais disposto a tratar da crise de refugiados.
"Quero conversar amanhã com a chanceler Merkel sobre esse tema. Quero ver que podemos fazer", disse ele, na abarrotada entrevista coletiva para a apresentação de "Ave, César!" (previsto para estrear no Brasil em abril), o filme dos irmãos Joel e Ethan Coen que abriu o festival, embora esteja fora da competição.
O galã falou sobre seu compromisso com as vítimas de Darfur, uma das causas humanitárias que mais mobilizaram o ator, e disse estar interessado em levar o conflito sudanês ao cinema, o que ainda não conseguiu.
"Não é fazer qualquer coisa sobre o tema, mas, sim, fazer um bom filme", disse, ao explicar as dificuldades de levar este tipo de projeto à telona.
Ao ser perguntado por que não fazia uma segunda parte de "Syriana" (2005), agora focada na questão dos refugiados, Clooney se esquivou e disse que o cinema sempre vai "atrás dos eventos".
"Quero discutir estas questões amanhã com Merkel", repetiu ele, sobre a reunião, que não fazparte da agenda oficial da líder alemã e que a Chancelaria não confirmou.
A insistência dos jornalistas gerou impaciência e até irritação, quando ele se achou pressionado sobre um compromisso sincero com essa crise.
"E você? O que faz pelos refugiados?", respondeu rispidamente a uma jornalista, que em tom tranquilo lhe deu uma longa explicação sobre seu trabalho como voluntária com refugiados.
A migração, e suas múltiplas variantes e perspectivas, é o eixo temático da 66ª edição da Festival de Berlim, por decisão do diretor do festival, Dieter Kosslick, e coincidindo com as tensões geradas na Alemanha com a chegada de 1,1 milhão de refugiados no ano passado.
Clooney está na capital alemã acompanhado de sua esposa Amal, advogada e ativista dos direitos humanos, o que torna a temática ainda mais presente em seus comparecimentos perante a imprensa.
Esta e outras questões latentes estiveram presentes também na entrevista coletiva da atriz americana Meryl Streep, presidente do júri.
"Todos somos africanos, na realidade", disse ela com ironia, ao ser questionada sobre o fato de o júri ser 100% branco.
Atualmente, a bancada é formada pelo ator britânico Clive Owen, o intérprete alemão Lars Eidinger, o crítico britânico Nick James, a fotógrafa francesa Brigitte Lacombe, a atriz italiana Alba Rohrwacher e a diretora polonesa Malgorzata Szumowska.
A atriz, que estreia no Festival de Berlim como presidente de um júri, afirmou seu claro compromisso com "inclusão", acima das diferenças de sexo, raça ou religião, e destacou que, no que se refere à igualdade de gênero, em seu júri há um claro domínio feminino.