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Cinema

 
 

Filme mostra John Lennon como Superman

14 de setembro de 2006 12h57 atualizado às 13h22

John Lennon e Yoko Ono protestam contra a guerra do Vietnã. Foto: Divulgação

John Lennon e Yoko Ono protestam contra a guerra do Vietnã
Foto: Divulgação

Um filme novo sobre a campanha pacifista de John Lennon e as tentativas do governo dos EUA de silenciá-lo mostra o ex-Beatle como um Superman que combate o mal, mas não o santifica, diz a viúva do músico, Yoko Ono.

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The U.S. vs John Lennon, que será lançado em Nova York e Los Angeles na sexta-feira, é um documentário composto de imagens de noticiários antigos de TV e vídeos caseiros raramente vistos.

O filme documenta a espionagem do FBI sobre Lennon e a batalha do músico contra as autoridades de imigração que tentaram deportá-lo nos anos 1970, em um esforço, segundo o filme, para sufocar o ativismo de Lennon contra a Guerra do Vietnã.

O crítico da revista Variety Phil Gallo disse que o filme faz a crônica convincente de "um artista que se manteve fiel a seus princípios por meio do ativismo", mas apontou falhas.

"Ao conseguir que Yoko Ono cooperasse e abrisse seus arquivos, a trama segue a biografia aprovada por Ono que mostra Lennon como um santo, excluindo do filme seus períodos sombrios e os anos em que os dois estiveram separados, que poderiam ter tornado o retrato mais profundo", comentou Gallo.

"Não acho que ele seja mostrado como santo", disse Yoko em entrevista à imprensa, citando cenas em que Lennon aparece irado ou impaciente. "A luta que ele travou contra esses grandes poderes é quase como uma atitude muito interessante de Superman - o mal contra o bem", disse ela.

The US vs. John Lennon traz entrevistas inéditas com George McGovern, o candidato presidencial democrata que perdeu para Richard Nixon em 1972, com o jornalista Carl Bernstein, que ajudou a divulgar o caso Watergate responsável pela queda de Nixon, com o ex-assessor de Nixon G. Gordon Libby e com ex-agentes do FBI.

John Scheinfeld, que escreveu e dirigiu o filme em parceria com David Leaf, disse: "No cerne de nossa história está um presidente que extrapolou os limites da ação permissível a ele, estão vigilância e escuta telefônicas ilegais e a idéia de que quem criticasse tudo isso era antipatriota. É uma idéia que nos soa familiar".

Paralelo entre Nixon e Bush
O filme traça paralelos claros entre a administração Nixon e a do presidente George W. Bush e também entre as guerras do Vietnã e do Iraque.

Yoko Ono disse em entrevista à Reuters que os cineastas passaram dois anos trabalhando no filme, "de modo que o timing (do lançamento) é apenas algo como um milagre que nos foi concedido".

O crítico Kirk Honeycutt, do The Hollywood Reporter, disse que o acesso incomum aos arquivos de Ono permite que o filme faça o ex-Beatle reviver diante do espectador.

"Seu senso de humor juvenil e sua inteligência ágil são uma lufada de ar fresco nesta nossa era de vozes estridentes de todos os setores do espectro político. John Lennon é alguém que nos faz falta", escreveu Honeycutt.

John Lennon foi assassinado por um fã desequilibrado em dezembro de 1980 diante do edifício Dakota, em frente ao Central Park em Nova York, onde Yoko vive até hoje.

O filme inclui imagens extensas do famoso "Bed-in" encenado por Lennon e Ono em 1969, quando eles passaram a semana de sua lua-de-mel numa cama de hotel em Amsterdã, convidando a imprensa a filmar e entrevistá-los sobre sua campanha pela paz.

Yoko disse que, se Lennon estivesse vivo, ele ainda estaria se manifestando publicamente, se bem que provavelmente "de uma maneira diferente."

"Estaríamos fazendo um 'bed-in' todos os dias de qualquer maneira, mas isso não vem ao caso", disse ela.

Reuters
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