Maria Fernanda que vive Ana: olhos de ressaca como os de Capitu
Foto: Edison Vara / Pressphoto/Divulgação
Veja fotos do lançamento do filme!
Não que outros diretores ou roteiristas jamais tenham abordado o tema, mas em Dom, que estréia no dia 19 de setembro, o diretor Moacyr Góes conseguiu trazer, de sua experiência no teatro, elementos que fazem da trama algo realmente sentimental e envolvente e triste.
O filme é estrelado por Marcos Palmeira, Maria Fernanda Cândido e Bruno Garcia e conta a história do amor entre Bento e Ana. Até aí nada de novo. A forte referência à obra Dom Casmurro de Machado de Assis dá ao filme de Góes um ar de adaptação que tinha tudo para fracassar num oceano de pieguice e lugar comum. Passou longe, por mais que o filme trate da suspeita de traição dentro de um romance que começa desenfreado.
Moacyr Góes conseguiu superar a tentação de deixar Machado de Assis no cargo de roteirista e deu, tanto a Bento (Palmeira) quanto a Ana (Maria Fernanda), características legítimas de personagens que vivem na atualidade.
O filme não é uma adaptação do livro. Simplesmente Góes se baseou no dramático triângulo formado por Bentinho, Capitu e Escobar para tratar a história de Bento, Ana e Miguel (Bruno Garcia).
Durante os cerca de 100 minutos que tem a fita de Góes, Maria Fernanda Cândido mostra por que ganhou um Kikito por sua atuação em Dom. A musa global conseguiu passar exatamente o que a Capitu da obra de Assis sempre foi: incógnita. Tal qual a moça dos olhos de ressaca, Ana causa deslumbramento e receio, e mistura momentos de uma exacerbada auto suficiência com instantes de uma carência quase pueril.
Por outro lado, a excelente participação de Maria Fernanda acaba por apagar a atuação de Palmeira. O ator da Globo não foi páreo para a Capitu do ano 2000. Típico caso dos filmes onde o vilão rouba a cena? Machado de Assis não soube definir se Capitu era vilã ou vítima. Cabe ao público descobrir se Góes colocou um ponto final nas dúvidas de Bento.
- Redação Terra