Cena do documentário
Foto: Mostra SP/Divulgação
O documentário conta com depoimentos de diversas personalidades que conviveram com o cineasta, além das filmagens de seu velório e funeral, em 1981, repetindo o que o próprio Glauber havia feito no enterro do pintor Di Cavalcanti e que tanta polêmica causou.
As imagens, captadas por Tendler na época, foram proibidas pela mãe de Glauber, Lúcia Rocha, e só foram liberadas mais de vinte anos depois, mesmo assim por causa de um incansável trabalho de convencimento do diretor.
Mas o longo período em que as cenas permaneceram guardadas também cobrou seu preço. Algumas delas perderam a banda sonora e vários diálogos foram substituídos por música.
O documentário traz ainda um depoimento emocionado do antropólogo Darcy Ribeiro durante o sepultamento do diretor, lembrando que Glauber foi o "mais indignado" de todos os brasileiros.
Darcy referia-se ao estilo apaixonado com que o cineasta abraçava suas causas, não importando os inimigos que fazia ao longo do caminho.
Foi assim com o filme A Idade da Terra, apresentado em 1980 no Festival de Veneza e que não obteve aprovação da crítica e do público. A sessão foi melancolicamente encerrada com poucas pessoas na sala, o que levou Glauber a desancar o cineasta francês Louis Malle, que levou o Leão de Ouro com Atlantic City. O brasileiro acusou Malle de ser agente da CIA.
Esse era o estilo "metralhadora giratória" de Glauber, sua marca registrada, que não pode ser ignorado quando se fala da vida e da obra do cineasta.
Apaixonado pelo país, Glauber deixou registradas para a história algumas das mais brilhantes imagens do cinema brasileiro de todos os tempos.
Ainda hoje, é o cineasta brasileiro mais reconhecido no exterior e sua obra corre o mundo em festivais e mostras sempre muito disputados pelos fãs.
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