Viggo Mortensen vive Aragorn em O Senhor dos Anéis
Foto: Rogério Lorenzoni/Terra
Viggo prova que é mesmo um excelente ator. Ao entrar em uma sala com mais de 100 repórteres, cinegrafistas e fotógrafos, mostra-se bastante tímido. Mas, ao mesmo tempo que deixou para trás a barba, os cabelos escuros e compridos e o ar de um lutador cansado, mostra ser determinado. Sua única exigência é ser fotografado apenas no começo e no final da entrevista.
Os cabelos loiros e o ar de moço asseado - no melhor estilo Kadu Moliterno - logo cedem espaço a um ator experiente e bastante culto. Aos 45 anos, 20 de carreira e mais de 30 filmes no currículo, como A Rosa Púrpura do Cairo, O Massacre da Serra Elétrica 3, Pagamento Final e Psicose, Viggo é reticente em suas respostas, mas porque gosta de elocubrar, deixar o interlocutor pensar antes de responder.
Viggo começa sua sessão para os brasileiros com um "Boa tarde, muito obrigado", com um português terrível, pior de se ouvir depois de saber que morou na Argentina. A primeira pergunta trata-se do que mais gostou nas aventuras de Frodo. O ator elogia, e muito, a atuação do diretor Peter Jackson. "Foram 4 anos de trabalho na Nova Zelândia. É impressionante como o diretor conseguiu gerenciar sua própria família e a família que se formou durante as gravações. Ele liderou com muita inteligência", contou.
Devagar, como que analisando que tipo de platéia encontraria em terras tupiniquins, Viggo começou a se soltar. Munido de garrafinhas de água - no começo não dá para imaginar porque tantas delas -, o astro falou que sua maior dificuldade foi aprender a usar a espada, mas que adorou gravar em um cenário belíssimo como a Nova Zelândia e que andar a cavalo lhe deu muito prazer. "O cavalo sabe quando a pessoa gosta de andar", explicou, mostrando mais um de seus dotes. Quando parou de falar, após minutos infindáveis, passou a palavra ao tradutor e riu do trabalhão que daria para verter tudo aquilo ao português. Ofereceu sua própria água e até deu um tapinha nas costas do rapaz.
Sobre a obra do escritor, Viggo foi sincero em dizer que só mergulhou na obra muito próximo de começar o trabalho e que não tinha noção da importância do romance. "As pessoas são apaixonadas pela obra e gostaram muito do resultado. Claro que encontrei pessoas obsessivas e loucas, mas todas foram muito respeitosas comigo". Viggo também elogiou o clima das gravações e como foi produtivo esse tempo em que ficou na Nova Zelândia. "Ganhei um vídeo do Peter Jackson com meus melhores momentos - no melhor estilo 'Falha Nossa' - e conversei com todos os meus dublês (revelando que precisou de vários devido ao seu personagem). No final, ganhei a espada que me acompanhou durante todo o filme".
Quando a entrevista estava começando a cair na monotonia, Viggo ouviu a pergunta que estava louco para responder: sobre sua música. O astro sentou-se melhor na cadeira, aumentou a vivacidade e a cadência na voz e soltou-se ainda mais. "Eu formei minha banda há alguns anos e toco com o Buckethead, guitarrista do Guns N´ Roses. O Elijah (Elijah Wood) toca bateria e piano e os hobbits também se divertem com a música. Tocamos por horas a fio", disse, rindo, mais uma vez por ter falado demais.
Como fala espanhol - mas confessou não conseguir se comunicar em português - Viggo ouvia a tudo que era traduzido e às vezes interrompia a tradução para acrescentar alguma coisa ou dar ênfase em outra. Depois de bater nas costas do tradutor e de fazer a platéia rir com seus gracejos, o ator voltou a falar de música. Disse que seu CD será lançado em duas semanas com o nome de Pandemonium from America, um tributo em memória dos mortos na tragédia de 11 de setembro. No projeto, Elijah e outros hobbits aparecem em algumas faixas. "Eu toco guitarra de mil maneiras, mas toco até quando as pessoas podem agüentar".
Para terminar, Viggo elogiou as edições estendidas de O Senhor dos Anéis. "Gosto muito de como foram apresentadas no cinema, mas as estendidas dão uma melhor noção para quem não leu o livro e dá dicas de como pode ser o filme seguinte. Quero que historicamente as pessoas se lembrem das estendidas".
Tudo bem, Viggo. Pode ter certeza de que vamos mesmo querer ficar com as estendidas. Nela, temos o Viggo cabeludo, meio sujismundo e charmoso por mais 30 minutos em cada edição.
- Redação Terra