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Cinema

 
 

Canções chamaram Clint Eastwood de volta à música

07 de novembro de 2003 09h03

Clint Eastwood sempre gostou de música. Mas esse amor foi redespertado quando ele começou a improvisar canções infantis ao piano para se divertir enquanto cuidava dos filhos.

Essas brincadeiras levaram o ator e diretor a estender seu dom musical ao filme que estava dirigindo. Esse casamento de interesses resultou na trilha sonora de seu trabalho mais recente, o aclamado Sobre Meninos e Lobos (Mystic River). "Fiquei vários anos sem tocar piano", disse Eastwood, de 73 anos, falando do instrumento que aprendeu a tocar sozinho, quando jovem, na época em que construiu sua imagem de homem durão no cinema.

"Então nasceram meus filhos, e comecei a tocar músicas de criança para eles. Comecei a incluir acordes incomuns nas músicas, It's A Small World After All e assim por diante. E foi dessa maneira que voltei a mexer com música."

A música vem desde então - ou seja, há 30 anos - inspirando e enriquecendo a vida e o trabalho de Eastwood, amante do jazz. Seu filho mais velho, Kyle Eastwood, de 35 anos, é baixista de jazz e contribuiu para Sobre Meninos e Lobos com duas músicas. Canções infantis ainda são ouvidas na casa de Eastwood, cuja filha mais nova, Morgan, completa 7 anos em dezembro.

Eastwood usou a música como elemento central do primeiro filme que dirigiu, Perversa Paixão, de 1971. Os cinco filmes sobre Dirty Harry tiveram trilhas sonoras marcadas pelo jazz.

Em 1988 Eastwood dirigiu Bird, a biografia do saxofonista Charlie Parker. Os temas que ele próprio compôs integram as trilhas sonoras de As Pontes de Madison e Os Imperdoáveis, que ganhou o Oscar de melhor filme de 1993 e valeu a Eastwood o Oscar de melhor diretor.

Depois de atuar em 45 filmes, dirigir 24 e produzir 19, Eastwood produziu, dirigiu e compôs a trilha sonora de Sobre Meninos e Lobos.

A crítica elogiou o tratamento que Eastwood deu ao romance perturbador de Dennis Lehane. A revista New Yorker saudou o filme como um "realização histórica", e o The New York Times chamou a atenção para sua "intensidade extraordinária", com cenas "carregadas de emoção quase insuportável".

Para o filme, uma história sombria sobre vingança, violência e infância marcada envolvendo três amigos, Eastwood compôs um tema musical minimalista baseado numa tríade - três notas que refletem o triângulo formado pelos personagens representados por Sean Penn, Tim Robbins e Kevin Bacon.

Música e cinema
O gosto de Eastwood pela música começou cedo. "Comecei a brincar com o piano quando ainda era criança", contou o diretor, cuja família se deslocou por toda a Califórnia durante a Grande Depressão, até fixar-se em Oakland. "O piano era o móvel mais importante que nos acompanhava nas mudanças."

Ele também aprendeu a tocar cornetim e outro instrumento de metal usado em bandas. "Eu tocava em festas e eventos da escola", afirmou. "Mas não era um garoto muito disciplinado, não estudava o suficiente para ser realmente bom."

Apesar disso, o homem do olhar intransigente já foi homenageado por sua música.

No verão passado o Instituto Henry Mancini lhe deu o prêmio Hank por serviços prestados à música norte-americana. Em 1996 ele recebeu um prêmio ASCAP, dado por editoras de música dos EUA, pelo tema musical de As Pontes de Madison.

Clint Eastwood dirigiu o documentário Piano Blues, que esteve na Mostra BR de Cinema de São Paulo e concluiu a série de Martin Scorsese The Blues.

Alguns anos atrás, o lacônico diretor e ator californiano foi homenageado por sua música num concerto no Carnegie Hall que acabou transformado em álbum de jazz. "Todo o mundo diz que para se tocar no Carnegie Hall é preciso estudar, estudar, estudar muito. Mas eu toquei lá e nem precisei ensaiar", contou Eastwood, brincando.

Reuters
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