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Cinema

 
 

Capitão de 'Tropa de Elite' vive travesti em novo filme

25 de janeiro de 2008 11h31 atualizado às 11h35

Milhem Cortaz vive travesti no filme  Se Nada Mais Der Certo. Foto: Divulgação

Milhem Cortaz vive travesti no filme Se Nada Mais Der Certo
Foto: Divulgação

Ladrão de cenas em filmes como Tropa de Elite - em que fez o corrupto Capitão Fábio - e Carandiru - ele era o assassino Peixeira -, Milhem Cortaz promete surpreender o público em seu próximo trabalho no cinema. Em Se Nada Mais Der Certo, terceira parceria com o diretor José Eduardo Belmonte, o ator paulista usa salto alto, lingerie, esmalte e maquiagem para encarnar Sibele, travesti temperamental e de língua afiada que circula pelo submundo de São Paulo.

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"É um personagem de muita solidão, ela tem uma ironia quase macabra. É um jeito de se defender, mas acaba afastando as pessoas", conta Milhem, que sofreu para compor o travesti.

"Depilei tudo, queria ver como era. Quando acabou, falei para a moça: 'Sai daqui senão eu vou te matar'. Mas o mais difícil foi usar salto", lembra ele, que ainda mantinha as unhas do pé pintadas esta semana, quando passou pela 11º Mostra de Cinema de Tiradentes para divulgar Meu Mundo em Perigo, também de Belmonte.

Os dois trabalharam juntos pela primeira vez em A Concepção. "Quero trabalhar com o Zé o resto da vida. Faço tudo o que ele pedir", assegura.

Por "tudo" entenda-se expor traços de sua personalidade não explorados na maioria de seus filmes, como uma certa fragilidade emocional. "Sou muito inseguro", diz.

Além de Sibele, Fito, personagem do drama Meu Mundo em Perigo, também foge aos tipos truculentos pelos quais o ator de voz potente e corpo sarado ficou conhecido. "Ele é totalmente passivo, o típico brasileiro desencorajado. Precisa que as pessoas lhe digam o que fazer", define.

Na trama, Fito é tão dominado pelo pai que permite a ele abusar sexualmente de sua mulher. Quando seu "velho" morre atropelado, Fito é pressionado por um amigo a se vingar do motorista.

Este ano, Milhem poderá ser visto ainda em Nome Próprio, de Murilo Salles, e Encarnação do Demônio, de José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Esse fecha a trilogia iniciada com À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964) e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967).

"Foi demais fazer esse filme. Tentei imitar o estilo do Zé", conta Milhem, que adora desafios. "Odeio ator que não se arrisca. Sou artista para errar. Se quisesse acertar, seria matemático."

Fãs de 02
Quando encarou testes com 3 mil pessoas para fazer Carandiru, Milhem Cortaz já tinha no currículo uma dezena de espetáculos dirigidos por nomes celebrados, como Antunes Filho, Gabriel Vilella e Ulisses Cruz, pelos quais ganhou os prêmios mais importantes do teatro brasileiro, como APCA e Shell.

Mas foi com o filme de Hector Babenco que ele começou a ficar conhecido do público e entrou de vez para o mundo do cinema. "Só tenho a agradecer ao Babenco, ele me adotou. Depois de ¿Carandiru¿, fiz uns 30 filmes em cinco anos", contabiliza, entre curtas e longas-metragens.

A popularidade aumentou incrivelmente no ano passado, com o Capitão Fábio, do fenômeno Tropa de Elite. Na Mostra de Cinema de Tiradentes, que tem patrocínio da Oi e da Petrobras e termina amanhã em Minas, Milhem foi um dos artistas mais assediados pelo público.

Jovens e até senhorinhas paravam o ator para elogiá-lo pelo trabalho - não raro, se aproximavam chamando-o de "02" ou Capitão Fábio - e pedir fotos e autógrafos. "Às vezes as pessoas vêm falar comigo por causa de Tropa e se lembram de outros trabalhos. Aí perguntam 'Você não é o cara daquela novela?'", acha graça o contratado da TV Record, onde já participou de cinco novelas.

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