O brasileiro Fernando Meirelles irá dirigir a adaptação americana do romance de suspende O Jardineiro Fiel, de Carré
Foto: Jorge Rodrigues Jorge/TV Press
O filme conta a história do diplomata inglês Justin Quayle, que vive na África e tem a esposa assassinada. Ao investigar o crime, ele descobre o envolvimento da indústria farmacêutica africana, em particular a do Quênia.
O Jardineiro Fiel já tem no elenco o ator inglês Ralph Fiennes (O Paciente Inglês, A Lista de Schindler) e será rodado entre março e julho de 2004.
Além dele, o diretor de Cidade de Deus também tem um acordo com a Universal Picures para desenvolver um filme sobre Pompéia, que deve ser rodado em 2006 ou 2007. Por enquanto, "vamos deixá-lo descansar", diz o cineasta. Em entrevista à revista Variety no mês passado, Meirelles contou que que um dos seus objetivos "é mostrar ao público o cotidiano de uma cidade do Mediterrâneo 1924 anos atrás".
Fernando Meirelles respondeu a algumas perguntas do Portal Terra por email, uma semana antes de embarcar para a Europa. Além de O Jardineiro Fiel e o projeto sobre Pompéia, ele falou sobre a sua produtora, a O2 Filmes, e seu póximo projeto pessoal, o filme Intolerância.
Terra: Como aconteceu o convite para dirigir O Jardineiro Fiel?
Fernando Meirelles: Fui convidado por uma produtora inglesa que acabou de vender o projeto para a Focus, braço independente da Universal. Ainda não assinei contrato, mas já estou trabalhando em Constant Gardener.
T: Como aconteceu a escolha de Ralph Fiennes para o papel principal?
FM: Quando fui convidado, Ralph Fiennes já havia se interessado pelo projeto. Agora aceitou fazê-lo. Não há nenhum outro ator escalado ainda. Dia 12 estou indo para Londres para conversar com algumas atrizes e fechar a agenda de produção.
T: Pessoas da sua confiança participarão do projeto?
FM: Na semana passada, o Bráulio Mantovani e a Chris Riera foram contratados pelo produtor inglês para me ajudarem no roteiro. Além deles, tenho o fotógrafo Cesar Charlone e o produtor Ari Pini.
T: Fale um pouco sobre o filme.
FM: Constant Gardener é um thriller, gênero do qual não sou muito fã e conheço pouco, por essa razão estou assistindo a muitos filmes de suspense ultimamente, para aprender como se faz. O projeto me interessou pelo tema: o poder da indústria farmacêutica e por ser, ao mesmo tempo, uma bonita história de amor. Pode vir a ser um bom filme.
T: Depois desta viagem a Londres, quais serão os próximos passos?
FM: No início de janeiro, Cesar Charlone e eu começamos a olhar locações no Sudão, Quênia e África do Sul. As filmagens estão programadas para março a julho de 2004; o filme fica pronto no início de 2005. Quero fazer a música aqui e ver se consigo fazer parte do som no Brasil também. O filme será montado na O2, em São Paulo, mas infelizmente não terei o Daniel Rezende (montador de CDD), que no mesmo período vai estar montando um filme da Universal em Toronto (Canadá).
T: Depois de Cidade de Deus, a sua idéia era partir para a produção de Intolerância, um projeto pessoal seu. O que aconteceu?
FM: A minha idéia era ir direto para Intolerância, mas o roteiro atrasou então achei que valeria a pena fazer este para aprender a filmar fora do Brasil. Tenho trabalhado com o Bráulio Montavani no roteiro de Intolerância e espero começar a filmá-lo no final do próximo ano, assim que concluir a montagem de Constant Gardener. Intolerância também será um filme rodado em muitos países. É uma produção brasileira, da O2 Filmes.
T: Além de O Jardineiro Fiel e Intolerância, quais são seus outros projetos?
FM: Tenho um acordo com a Universal Pictures para desenvolver um filme sobre Pompéia. A idéia é fazer um 'desaster movie' onde o desastre não seja o mais importante. Reconstruir aquela cidade - e depois tacar fogo - é minha motivação para estar neste projeto. Vai ser uma boa experiência. Este projeto é para rodar apenas em 2006 ou 2007. Então vamos deixá-lo descansar. Fora isso, só Cidade dos Homens (seriado exibido pela Globo), que agora terá Paulo Morelli no comando e eu devo dirigir apenas um episódio.
- Redação Terra