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Cinema

 
 

"Gigli" é o pior entre os filmes ruins do ano

22 de dezembro de 2003 07h12

Cena do filme  Gigli  . Foto: Divulgação

Cena do filme Gigli
Foto: Divulgação

O casal Ben Affleck e Jennifer Lopez tomou conta das colunas de fofocas de jornais do mundo inteiro com seu romance de conto-de-fadas, que acabou em um casamento cancelado e o melhor exemplo recente de superexposição na mídia.

Nas telas, o fruto do trabalho conjunto do casal mais famoso de 2003 não teve sua estréia cancelada, para azar da carreira deles e dos poucos fãs desavisados que pagaram para ver aquilo.

Gigli foi a maior bomba do cinema este ano. O filme é tão ruim que praticamente estabeleceu novos patamares para fracassos em Hollywood. É difícil que alguma outra fita consiga superá-lo nas Framboesas de Ouro, prêmio bem-humorado para as piores produções de Hollywood a cada ano. Ainda assim, outros filmes devem aparecer na lista de indicados, que vai ser divulgada em 26 de janeiro.

Em uma época em que filmes de super-heróis são garantia quase certa de bilheteria, Affleck também conseguiu alienar o público e a crítica com sua performance em Demolidor. Sua chance de provar que ainda vale a fortuna que ganha vai ser em Paycheck, de John Woo, que chega aos cinemas americanos neste fim de ano. Benifer ainda tem grandes chances de "queimar o filme" mais uma vez daqui a dois meses, com a estréia de Jersey Girl, de Kevin Smith. Framboesa de Ouro 2005?

Outro casal teve a mesma relação inversa de atenção na mídia e sucesso no cinema: Ashton Kutcher e Demi Moore. Ele faz sucesso com o seriado de TV That 70's Show e o programa Punk'd, da MTV, mas não consegue emplacar nada no cinema.

Este ano, foram duas bombas: Recém-Casados e A Filha do Chefe. Para ela, a surpresa foi o relativo fracasso de bilheteria de As Panteras Detonando, que teve críticas muito negativas e não conseguiu repetir o fenômeno do original - apesar (ou talvez por causa) do assédio da mídia sobre o namoro, que começou pouco antes da estréia. Há quem acha que o filme conseguiu "matar" uma das franquias mais criativas dos últimos tempos.

Uma carreira que não deve dar o que falar nunca mais é a de Cuba Gooding Jr., o maior exemplo de desperdício de Oscar (Helen Hunt, cadê você?). O ganhador da categoria de ator coadjuvante em 1997, por Jerry Maguire, teve três bombas este ano: a comédia homofóbica e sem graça O Cruzeiro das Loucas (o título em português aposta mesmo no humor ofensivo); o musical gospel The Fighting Temptations, que não chamou atenção nem pela participação de Beyoncé; e o dramalhão Radio, no qual ele faz o papel de um jovem com problemas mentais, tema que geralmente é uma garantia de sucesso na terra do cinema.

Celebridade não é sinônimo de hit nas bilheterias, como provaram várias produções deste ano. Angelina Jolie, por exemplo, teve duas bombas: Lara Croft Tomb Raider: A Origem da Vida, tão ruim quanto o filme original, e o drama romântico Amor Sem Fronteiras (Beyond Borders), que ganhou o apelido de Beyond Boredom (Além da Chatice).

É entre as comédias que estão a maioria dos fracassos de 2003. Michael Douglas deve deixar o gênero de lado depois de não emplacar Acontece nas Melhores Famílias e Um Casamento de Alto Risco.

A parceria de Drew Barrymore e Ben Stiller em Duplex, uma comédia sobre o mercado imobiliário de Manhattan, não deve ser repetida tão cedo. Lisa Kudrow deve estar arrependida de dizer adeus ao seriado de TV Friends, que acaba em 2004. Seu trabalho mais recente no cinema foi a comédia Marci X, no qual ela faz o papel de uma produtora judia de hip-hop. O filme chegou a ser chamado de "preconceituoso".

Entre as fitas de ação, Hulk até tem seus defensores, mas não atraiu o interesse do público. A Liga Extraordinária chamou menos atenção nas telas do que as fofocas sobre os problemas do set, como brigas entre o elenco e as enchentes de Praga, na República Checa, no ano passado.

Apesar de todo o hype e de uma legião de fãs cabeça-dura, o tempo já começou a provar que Matrix Reloaded e Matrix Revolutions são tão ruins quanto Matrix foi revolucionário quatro anos atrás.

O Exterminador do Futuro 3 foi tão medíocre que muita gente ficou aliviada com o fim da carreira de ator do novo governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Pelo menos por quatro anos.

A "reality TV" continuou a fazer sucesso na telinha, mas a fórmula provou que não dá certo na TV. From Justin to Kelly, um musical à la Grease com a dupla finalista do concurso de calouros American Idol, foi uma das idéias mais idiotas dos últimos tempos.

A MTV apostou em The Real Cancún, um filme inteiro estrelado por universitários de férias no México. Hasta la vista para o gênero. Bob Dylan provou que pode ser mito da música, mas é "mico" no cinema.

Masked & Anonymous teve algumas das piores críticas deste ano e ficou tão pouco tempo nas telas que muita gente nem deve saber de sua existência.

O Brasil também deu sua contribuição para os piores filmes de Hollywood este ano. Bruno Barreto dirigiu a Voando Alto, uma comédia sem graça sobre a profissão de aeromoça. Nem a estrela Gwyneth Paltrow parece ter boas lembranças do trabalho.

Em entrevista recente, ela disse que O Talentoso Ripley e Os Excêntricos Tenembaums foram as únicas coisas que prestaram em seu currículo desde que ganhou o Oscar por Shakespeare Apaixonado. Ela também já se referiu ao filme como A View from the Ass: em vez do título original, Uma Vista do Topo, alguma coisa como Uma Vista do Rabo.

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