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Cinema

 
 

Gibson nega anti-semitismo em "Paixão de Cristo"

17 de fevereiro de 2004 17h18

A Paixão de Cristo filmada por Mel Gibson com base nas crenças religiosas do ator está sendo classificada como uma versão anti-semita das últimas doze horas de vida de Jesus Cristo.

"Isso iria contra os pilares da minha fé. O anti-semitismo não é uma atitude cristã, mas sim um pecado", declarou o ator, de 48 anos, em uma entrevista ao canal de televisão ABC, a primeira concedida pela estrela desde que começou a trabalhar nesse novo projeto.

O filme, cuja estréia está prevista para o dia 25 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, gerou uma forte polêmica. Alguns críticos consideram-no anti-semita e extremamente violento.

"É (uma história) de fé, esperança, amor e perdão. O filme fala sobre isso, sobre o sacrifício de Cristo", explicou o ganhador de um Oscar como melhor diretor por Coração Valente.

Considerado um católico tradicionalista, "daqueles que existiam nos anos 60", Gibson redescubriu sua fé no auge de sua carreira profissional e durante uma forte crise pessoal.

"Eu era um viciado em qualquer coisa, um viciado em tudo: drogas, álcool, café, cigarros", reconheceu Gibson que também revelou na TV ter cogitado a possibilidade de se suicidar.

Este filme nasce de um redescobrimento das Sagradas Escrituras, especialmente dos evangelhos dos apóstolos, e está sendo rodado em latim e aramaico. Gibson aportou ao projeto 30 milhões de dólares de seu próprio bolso. Ante as críticas de anti-semitismo, muitos colaboradores de Gibson fizeram declarações a seu favor, entre eles Jim Caviezel, protagonista do filme no papel de Jesus Cristo.

Caviezel assegura que Gibson lhe disse várias vezes que ele poderia abandonar o projeto se quisesse já achava que o filme poderia significar o fim de sua carreira. "O filme não condena nenhuma raça pela morte de Cristo", ressaltou o ator.

No entanto, nas primeiras cenas em círculos cristãos, A paixão de Cristo incluia a frase "seu sangue recairá sobre nós e sobre nossos filhos", sugerindo a culpabilidade judaica pela morte de Jesus Cristo, um conceito que o Concílio Vaticano Segundo eliminou e que Gibson acabou retirando da versão final.

"Eu sei que serei o primeiro da lista dos culpados", afirmou Gibson, assegurando com seu humor habitual que aquele que tem um problema com seu filme tem um problema "com as Escrituras".

O ator e diretor também respondeu às perguntas referentes ao Holocausto, já que seu pai, Hutton Gibson, disse uma vez que tal atrocidade nunca tinha acontecido.

"Eu também vi a Lista de Schindler", filme de Steven Spielberg sobre o Holocausto, "e acho que essa foi uma atrocidade de proporções monumentais".

No entanto, Gibson lembrou outros exemplos de genocídio, entre eles o massacre da população armênia nas mãos dos turcos. Apesar disso, o ator evitou fazer uma comparação de martírios.

Gibson afirmou que seu principal objetivo com seu novo filme é mostrar a paixão de Cristo em toda sua crueza.

Um sofrimento que, na sua opinião, ainda não se aproxima ao "enormidade do sacrifício" feito por Jesus pela humanidade.

EFE
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