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Cinema

 
 

Israel pede que João Paulo II condene Gibson

27 de fevereiro de 2004 12h40

Monica Bellucci em Paixão de Cristo. Foto: Divulgação

Monica Bellucci em "Paixão de Cristo"
Foto: Divulgação

O grande rabino de Israel, Iona Metzger, solicitou a intervenção do papa João Paulo II por causa da polêmica desatada depois da estréia nos EUA de A Paixão de Cristo, filme do diretor e católico fervoroso Mel Gibson.

Metzger, que no mês passado se reuniu com o papa na Santa Sé, pediu-lhe que tome uma atitude o mais rápido possível para evitar manifestações contra o povo judeu, segundo uma nota oficial entregue ao núncio apostólico em Tel Aviv, bispo Pietro Sambi, informa nesta sexta-feira, o jornal The Jerusalem Post.

O filme descreve a paixão e a agonia de Cristo pela Via Crucis e o monte Gólgota de Jerusalém, após ser rejeitado pelos judeus como seu messias.

O rabino Metzger disse aos jornalistas que apesar de não ter assistido o filme, vários amigos que viram disseram-lhe que passa uma mensagem subliminar de culpa coletiva dos judeus pela crucificação.

Metzger declarou que quando esteve no Vaticano, o papa se referiu aos judeus como "nossos irmãos mais velhos". Por isso, acrescentou: "É lamentável que um filme tendencioso e malicioso arruine o progresso (nas relações judaico-cristãs) conseguido com grande cuidado".

Durante séculos, a Igreja Católica classificou os judeus como membros do "povo deicida", motivo de perseguições e massacres na Europa, até que o papa João XXIII ordenou anular esse estigma.

A declaração conciliar Nostra Aetate, difundida por João XXIII em 1965, absolveu os judeus -que continuam esperando seu messias (mashiaj)- da suposta culpa de ter matado Jesus.

O filme de Gibson, que bateu o recorde de bilheteria nos EUA, não será exibido por enquanto em Israel. Mas não devido à censura, praticamente inexistente neste país, mas por falta de interesse dos distribuidores, que esperam para ver antes seus resultados comerciais e quanto lhes custará comprá-lo.

O diretor da Cinemateca de Tel Aviv, Alón Garbuz, declarou à imprensa que projetará o filme se algum distribuidor o levar ao país.

O líder político do Partido fundamentalista Shas, Eli Ishai, na oposição, solicitou à ministra da Educação, Cultura e Esportes, Limor Livnat, que proíba o filme em Israel.

"Ishai e sua gente querem nos colocar na escuridão da Idade Média. Sou contra os que querem nos calar, e se os distribuidores trouxerem o filme de Gibson, o exibiremos na Cinemateca", insistiu Garbuz, conhecido artista plástico.

EFE
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