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Cinema

 
 

Muçulmano levará "A Paixão de Cristo" à França

02 de março de 2004 13h34

Cena do filme de Mel Gibson. Foto: Divulgação

Cena do filme de Mel Gibson
Foto: Divulgação

Os cinéfilos franceses receosos de que as acusações de anti-semitismo os impediriam de assistir a A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, vão conseguir ver o filme, sim, graças a um produtor muçulmano tunisiano que se dispôs a distribuí-lo no país.

A França, na semana passada, era percorrida por boatos segundo os quais os distribuidores nacionais iriam boicotar o filme devido ao temor de que ele possa desencadear violência anti-semita. O anti-semitismo é um problema que assombra as grandes minorias muçulmana e judaica da França há vários anos.

O jornal Le Figaro anunciou na nesta terça-feira que A Paixão vai estrear na França em 2 de abril, dois dias depois de chegar aos cinemas da Espanha e pouco antes de ser lançado nas vizinhas Itália e Alemanha.

Tarak Ben Ammar, um produtor importante que possui vínculos de negócios com o magnata da mídia Rupert Murdoch e o primeiro-ministro italiano, Silvio Bersluconi, disse a jornalistas que o filme ressalta o perdão e atribui a culpa pela morte de Cristo aos romanos, mais do que aos judeus.

"Considerei que é meu dever, como muçulmano que acredita em Jesus, que respeita e que foi criado nas três religiões monoteístas, fazer com que este filme seja exibido aos franceses e permitir que julguem por eles próprios", disse Ammar à televisão TF1 na noite de segunda-feira.

"Quando assisti ao filme, duas semanas atrás, fiquei profundamente comovido. O trabalho mostra o que Cristo realmente sofreu em suas últimas horas de vida", disse o produtor ao Le Figaro, em observações publicadas nesta terça-feira.

"É um longa-metragem poderoso e não é nada anti-semita, como verão os espectadores", disse Ben Ammar, explicando que as críticas que precederam a estréia de A Paixão, nos EUA, na semana passada, se basearam num roteiro preliminar, não na versão final.

Ben Ammar disse à TF1 que três anos atrás discutiu com Mel Gibson a possibilidade de produzir o filme na Tunísia, seu país natal, mas que os ataques de 11 de setembro nos EUA inviabilizaram a idéia, de modo que o longa acabou sendo feito na Itália.

"É um filme contra o fundamentalismo", disse o produtor. Defendendo a violência explícita que Gibson mostra na tela, ele acrescentou: "Gibson quis mostrar a barbárie dos romanos, porque foram os romanos que mataram Cristo."

Na década de 1970, Ben Ammar produziu Jesus de Nazaré, de Franco Zeffirelli, e O Messias, de Roberto Rossellini. Ele também participou da produção de filmes como as séries Guerra nas Estrelas e Caçadores da Arca Perdida.

Nascido na Tunísia, ele estudou em Georgetown, uma importante universidade católica norte-americana, e hoje mora em Paris.

Reuters
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