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Gramado: 2º dia tem superioridade argentina com 'Medianeras'

7 ago 2011 - 11h02
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Fernando Diniz
Direto de Gramado

O filme argentino Medianeras abafou o segundo dia do festival de Gramado, na noite de sábado. O primeiro longa-metragem do diretor Gustavo Taretto foi ovacionado por pelo menos três vezes nos créditos finais, reação muito diferente da recebida pelo brasileiro Ponto Final.

O longa argentino narra a história de Martin, um desenvolvedor de sites, e Mariana, uma arquiteta que trabalha como vitrinista. Ambos moram na mesma avenida e na mesma quadra de Buenos Aires, se cruzam diariamente, tem gostos parecidos, fobias parecidas, mas nunca se encontram.

Medianera é a expressão utilizada para denominar a fachada cega de prédios. É uma metáfora arquitetônica para falar da solidão urbana em uma era em que tudo está conectado. A cidade que une Marin e Mariana é a mesma que os separa.

O filme começa com uma narração de Martin e apenas fotografias de prédios da capital argentina. Uma aula de roteiro. Nenhum dos 95 minutos do filme é jogado fora, transformando Medianeras em uma história leve, engraçada e profunda. Em todo momento, Taretto utiliza de maneira genial referências da cultura pop, como o personagem Wally, por exemplo.

O segundo dia do festival de Gramado foi uma síntese da superioridade dos roteiros argentinos em falar sobre histórias universais. A capital argentina é apenas o cenário para resumir uma cultura que se desenvolve nas grandes metrópoles.

O filme não depende do drama social local, como ocorre no brasileiro Ponto Final. O trabalho de Marcelo Taranto é uma tentativa poética e teatral de fazer um ativismo contra a violência brasileira, tentativa esta que não foi bem recebida em Gramado.

Em Ponto Final, a filha do executivo Davi morre após ser atingida por uma bala perdida em uma calçada do Rio de Janeiro. O personagem principal é um brasileiro pessimista, enquanto Beatriz, filha dele, acreditava que o Brasil era o país do futuro.

Fragilizado, Davi conversa com um motorista de ônibus eloquente, interpretado por Othon Bastos, e uma mulher que anda nos coletivos para tentar encontrar estranhos. O filme se passa quase todo em um ambiente onírico do terminal final do ônibus.

A narrativa pouco mostra Beatriz, a jovem morta aos 16 anos, e não permite ao espectador se apegar ao drama do personagem principal, que está desconsolado e com o casamento em ruínas. Além de não conseguir prender o espectador em longos diálogos, o filme estranhamente mostra monólogos de um cobrador de ônibus, que reclama de sua condição social e de uma eventual troca de trabalhadores por catracas automatizadas, sem qualquer relação com a história principal.

Medianeras e Ponto Final concorrem em categorias separadas no festival de Gramado: Longa-metragem estrangeiro e longa-metragem brasileiro.

Medianeras foi um dos destaques da exibição
Medianeras foi um dos destaques da exibição
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
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