Reginaldo Faria rebate críticas sobre exageros em seu filme
- Daniel Favero
- Direto de Gramado
O ator e diretor Reginaldo rebateu as criticas sobre "exageros" em seu filme durante entrevista, na manhã desta sexta-feira, sobre a película O Carteiro, exibido na Mostra Competitiva da 39ª edição do Festival de Cinema de Gramado (RS). Um dos jornalistas presentes disse em sua observação que ocorreram exageros dos personagens.
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"Obrigado pelas considerações, vou procurar observar isso no próximo filme que eu fizer, mas esse já esta pronto. Pelo que eu pude sentir na reação da plateia, talvez a única pessoa que teve essa impressão foi você (...) Eu mereço ser criticado e assim como você me criticou, merece a minha crítica. Pela quantidade de pessoas que viram o filme ontem, saí satisfeito e muito feliz pelo que eu fiz", rebateu o diretor, que manteve os óculos escuros durante toda a coletiva sobre o filme que havia sido exibido na noite anterior.
O Carteiro conta com um elenco recheado de membros da família Faria, além de Reginaldo, seus filhos Candé e Marcelo participam da produção que foi filmada em Vale Vêneto, distrito de São João do Polêsine, no Rio Grande do Sul, onde nasceu a sogra do diretor. O longa retrata a trajetória de um jovem entregador de cartas acostumado a violar a correspondência alheia e que se apaixona por uma jovem recém chegada à cidade.
No entanto, o filme se perde entre o uso de uma linguagem lírico-dramática, inspirada em textos de Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, e o uso de elementos de uma comédia mais ingênua, nos moldes do cinema italiano que o diretor tanto admira. "Sou apaixonado pelo cinema italiano: Fellini, Monicelli, desde o neorrealismo, eu tenho um pouco essa influência, me fascina essa linguagem europeia de fazer cinema", disse Faria.
Indignação e recursos
Reginaldo falou ainda sobre um discurso ressentido que fez ao receber o prêmio Oscarito, em 2009, durante a 37ª edição do Festival de Gramado. "Todo mundo tem direto de ficar ressentido, assim como os outros têm o direto de criticar e falar o que querem. Na época, eu estava tentando uma aprovação, em algum espacinho da lei, e fiquei indignado por isso, não porque que eu fiquei 27 anos sem fazer cinema. Essa foi minha indignação, ou ressentimento. Têm vários cineastas que passam pelo mesmo tipo de processo, fica de pires na mão, bota o terninho de fazer o exame de fezes para bater na porta dos produtores para realizar seu filme", disse.
De acordo com o produtor executivo de O Carteiro, Beto Turquenitch, a produção foi orçada em R$ 3 milhões, mas custou R$ 1,3 milhão, com equipe 90% composta por gaúchos. Ele reclama do excesso de burocracia da Lei Rouanet que impediu, inclusive, que o orçamento fosse diminuído. "A burocracia interna é imensa, para se mudar uma rubrica é necessário justificar em 58 laudas (...) inclusive pedimos a redução de verba em 50%, reduzir o uso de recursos públicos, mas ainda assim a demora foi imensa", reclama. Ele diz e os próximos desafios estão na fase de distribuição e divulgação do filme.