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Saiba como foi cada uma das noites de competição de Gramado

13 ago 2011 - 20h46
(atualizado às 23h55)
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Daniel Favero
Fernando Diniz
Direto de Gramado

A 39ª edição do Festival de Gramado foi marcada por um cenário nacional fraco, que era compensado por competentes filmes latinos. Algumas das produções foram prejudicadas pela exibição em DVD, o que prejudica a avaliação técnica dos jurados. Nos últimos dias os assédios no tapete vermelho aumentaram, mas o número de personalidades conhecidas do meio artístico foi reduzida. Na noite deste sábado acontece a premiação no Palácio dos Festivais dos melhores filmes e diversas categorias para os longas, curtas-metragens e filmes estrangeiros. Veja como foi cada um dos dias da competição.

'O Palhaço', dirigido e interpretado por Selton Mello, abriu o Festival de Gramado
'O Palhaço', dirigido e interpretado por Selton Mello, abriu o Festival de Gramado
Foto: Divulgação

Primeira noite - Foi exibido fora da competição o filme O Palhaço, de Selton Mello, que empolgou o público com a história de Benjamin, um palhaço em crise existencial. Na sequência, o longa carioca Riscado abriu a mostra competitiva, recebendo uma reação tímida do público. O filme também fala de vocação, tem uma boa qualidade técnica e a ótima interpretação de Karine Teles, favorita ao kikito. Riscado não é um grande filme, mas ganhou força ao longo do festival, com o surgimento de filmes fracos.

Segunda noite - O argentino Medianeras - Buenos Aires na Era do Amor Virtual fez a ida ao Palácio dos Festivais valer a pena. É um filme leve, com um ótimo roteiro, que fala de um tema atual: a solidão urbana em um mundo super conectado. A narrativa envolve uma decoradora de vitrines e um desenvolvedor de sites que moram na mesma quadra, se cruzam a toda hora, são aparentemente perfeitos um para o outro, mas nunca se encontram. Na mesma noite, o brasileiro Ponto Final agradou raros espectadores, e o diretor Marcelo Taranto foi muito criticado pelo penoso filme. O roteiro se firma em diálogos longos e teatrais em um filme sobre o luto de um empresário que perdeu a filha adolescente, vítima de uma bala perdida. O cenário é, na grande parte das cenas, um "ônibus onírico". Eventualmente, o motorista e o cobrador ficam dando lição de moral para a câmera, como se falassem com o espectador.

Terceira noite - Talvez a noite mais regular do festival. Tanto A Tiro de Piedra como Uma Longa Viagem agradaram ao público. O primeiro é uma história de um pastor de ovelhas mexicano que resolve cruzar a fronteira dos Estados Unidos após encontrar, em pleno deserto, um chaveiro com um endereço do Estado americano de Oregon. O filme tem uma história envolvente e surpreende com um fim tenso. Uma Longa Viagem é um documentário que conta a história da diretora Lúcia Murat e seus dois irmãos mais próximos. A narrativa usa como fio condutor as cartas do caçula Heitor, que são interpretadas por Caio Blat. O próprio Heitor, que sofre de esquizofrenia, comenta as cartas durante o filme (e às vezes as desmente), provocando risos no público, um dos favoritos ao título de Melhor Filme, mas que não deve levar o troféu por já ter ganhado a categoria no Festival de Paulínia, após recomendação da Associação Brasileira de Críticos de Cinema.

Quarta noite - O O País do Desejo, de Paulo Caldas, foi a grande decepção da noite. O filme conta a história de um padre (interpretado por Fábio Assunção) que se apaixona por uma pianista (Maria Padilha) que sofre de uma doença renal grave. O público tinha boas expectativas do filme de Caldas, mas foi criticado por ser curto, sem dar espaço para o personagem principal desenvolver suas dúvidas e sua paixão. O roteiro também é repleto de diálogos com frases de efeito, que remetem a novelas. O peruano Las Malas Intenciones é um filme competente sobre uma menina que acredita que morrerá no dia em que seu irmão nascer. Ao receber uma educação bastante nacionalista e cristã, a garota desenvolve uma imaginação e assume uma postura que chega a ser sinistra. O filme tem como pano de fundo os ataques terroristas do grupo Sandero Luminoso no início da década de 1980.

Quinta noite - O filme chileno La Lección de Pintura foi bem recebido pela crítica. O longa possui uma bela fotografia e narra a história de um garoto camponês com um grande talento para a pintura. A habilidade do menino é descoberta pelo dono da farmácia em que a mãe da criança trabalha. O filme começa poético e ganha contornos políticos, com o golpe militar chileno. Junto com Medianeras, La Lección de Pintura é favorito ao kikito.O documentário As Hiper Mulheres, destaque da mostra competitiva nacional na terça-feira (9), conta a história de um ritual feminino do Alto Xingu, em Mato Grosso. O filme é todo falado no dialeto local e não possui narração. Até os 20 minutos é um filme monótono, mostrando apenas os índios cantarolando, tomando banho, e o drama de uma mulher que está muito doente. O filme muda de figura quando um índio resolve promover o ritual feminino Jamurikumalu. A partir daí, a fita brilha pela curiosidade de uma série de músicas indígenas com apelo erótico. O documentário foi filmado com ajuda de pessoas da tribo e co-dirigido por um indígena, Takumã Kuikuro. O filme pode surpreender e levar prêmios em Gramado

Sexta noite - Foi a noite marcada por dois documentários sobre transexuais. O uruguaio El Casamiento narra a história de um pedreiro aposentado, 75 anos, que se casou com Julia, um transexual, de 65. O filme mostra um casal humilde que parece estar unido para evitar a solidão. O brasileiro Olhe Para Mim De Novo é a história de Sillvyo Lúcio, "que era mulher, virou lésbica e agora é homem", segundo sua própria definição. O longa tem alguns problemas de narrativa - há algumas repetições ou histórias que não parecem se encaixar no propósito do filme -, mas tem um grande personagem. No cenário dos filmes nacionais, ganha destaque e cresce na corrida ao kikito.

Sétima noite - Foi uma noite marcada pelo destaque dos curtas-metragens Rivelino, O Cão, pelo longa colombiano Garcia, e pela decepção do aguardado brasileiro de Reginaldo Faria O Carteiro. Garcia foi a primeira co-produção brasileiro-colombiana, que em seu país teve a quarta maior bilheteria do ano, mas ainda não tem previsão para estrear no Brasil. No entanto, devido à concorrência entre as produções estrangeiras, o filme, uma mistura de policial, comédia e drama, deve ter dificuldade para levar alguma das principais premiações.

Oitava noite - O último dia de exibições foi marcado por filmes de melhor qualidade técnica, mas que não empolgaram pela lentidão com que os filmes são conduzidos e pela falta de uma história mais clara, que agradaria mais ao público em geral. Foram exibidos o longa Jean Gentil, uma produção conjunta entre a República Dominicana, México e Alemanha, e em seguida Sudoeste filme brasileiro convidado que não fez parte da competição.

Fonte: Terra
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