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Animação 'ParaNorman' faz uso do sobrenatural para falar sobre bullying

7 set 2012 - 16h48
(atualizado às 16h52)
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Cleide Klock
Direto de Los Angeles

Um equilíbrio entre a comédia sem maldade e o terror de contos de fadas, com um colorido intenso, personagens detalhadamente desenhados e uma mensagem contra a intolerância. Assim pode ser definida a animação em 3D ParaNorman, que chega nesta sexta-feira (7) aos cinemas brasileiros.

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ParaNorman chega nesta quinta-feira (7) aos cinemas brasileiros. O filme traz no enredo uma criança que tem o dom de falar com os mortos
ParaNorman chega nesta quinta-feira (7) aos cinemas brasileiros. O filme traz no enredo uma criança que tem o dom de falar com os mortos
Foto: Divulgação

O longa está cheio de zumbis, personagens fofinhos e uma maldição milenar que precisa ser rompida. Dos mesmos criadores da bem-sucedida fábula poética Coraline, filme que foi indicado ao Oscar de melhor animação em 2010, ParaNorman traz no enredo uma criança (Norman) que tem o dom de ver e falar com os mortos e por isso é incompreendida, tanto pela família quanto pelos amigos da escola. O bullying entra em cena e o filme é mais uma maneira de colocar o assunto na roda das discussões, assim como as diferenças que tornam as crianças alvo de provocações e injustiças.

As inspirações dos diretores já descrevem um pouco do que o expectador pode esperar dessa história: "eu trago referências de filmes e seriados de TV dos anos 80. Os Goonies, me inspiraram, assim como Os Caça-Fantasmas, Halloween e até o Scooby-Doo. Tentei colocar um pouquinho de cada", diz Chris Butler, supervisor de storyboard de Coraline, que estreou como diretor em ParaNorman. Ele, que já tinha a história na gaveta há pelo menos 16 anos, compartilhou a direção com Sam Fell (O Corajoso Ratinho Despereaux): "eu me inspiro nos filmes de Steven Spielberg, em E.T., nessas histórias feitas para a família inteira e que é tão difícil ver ultimamente", complementa Fell.

A animação é do estúdio Laika e foi classificada como a maior produção já realizada em stop motion, técnica centenária de filmagem que tem como princípio filmar quadro por quadro. "Podemos definir como uma técnica onde tudo é feito à mão. Um artista fez os bonecos, pintou, e cada movimento é fotografado, são 24 fotos para cada minuto de filme", explica Butler.

A equipe do Terra visitou parte do cenário, o quarto de Norman (que tem cerca de um metro quadrado) e a van que a turma anda pela cidade, com zumbis no teto. O personagem Norman é um boneco de uns 15 centímetros. Mas para chegar à perfeição dos traços do personagem foram feitos 26 modelos. O ator Kodi Smit-McPhee é quem dá voz a Norman e o trabalho de desenvolver o personagem está diretamente entrelaçado com a performance do ator: "no início me deram um rascunho de como seria Norman e a partir daí comecei a criar a voz, gravar as falas sem saber ao certo a cara de Norman", diz o ator. "Leva meses para colocar tudo junto e chegar à perfeição. Filmamos a interpretação de Kodi, as expressões dele e assim finalizamos o desenho", completa Butler.

Os personagens

Assim como o personagem principal, Courtney, a irmã de Norman foi inspirada na atriz Anna Kendrick (Crepúsculo, Amor Sem Escalas), que emprestou a voz à 'quase' má primogênita da família. "Foi a primeira vez que participei de uma animação como esta e nem sabia como funcionava. Não sei da onde veio a voz, mas quando me mostraram a foto, já veio na minha mente", revela Anna. "Comigo o que aconteceu é que quando comecei a filmar tinha 13 anos e minha voz foi mudando por causa da idade, mas isso também ajudou porque o personagem Norman vai ganhando força com o passar do tempo e a voz acabou ficando mais forte também", diz Kodi, que é australiano e treina desde os nove para conseguir imitar o sotaque americano. Hoje ele tem 16 anos.

Quando questionados se na escola eles eram da turma dos mais descolados ou dos mais rejeitados, os dois não demoram na resposta: "nunca fiz nada de estranho com ninguém porque provavelmente eu era o mais estranho da turma", diz Kodi. Já Anna afirma que sofreu bullying por ser pequena demais, com dentes e cabelos estranhos. Kodi completa dizendo que as pessoas praticam bullying porque as outras são diferentes, mas no fundo, na vida, todos querem se diferenciar, o que acaba sendo um contra-senso.

O mundo de Norman e próximos projetos

Discutindo a técnica de três dimensões largamente usada pelos estúdios na atualidade, o produtor Travis Knight diz: "acho que 3D é um recurso que podemos usar assim como o áudio e a luz. Nós particularmente temos uma intenção clara, escolhemos usá-lo em todo o filme porque gostaríamos que as pessoas tivessem a experiência que Norman tem, e queríamos colocá-las nesse mundo dos mortos-vivos, na cidade de Blithe Hollow, onde a trama transcorre e dar o senso de sentimento do que ele vê".

Para os fãs das produções da Laika, há muitas novidades nos próximos anos: "temos pelo menos 10 projetos em andamento. Algumas adaptações de livros como em Coraline e outras histórias originais como ParaNorman. Nós estamos interessados em diferentes tipos de histórias, sempre buscando o equilíbrio entre a escuridão e a luz e a intensidade da trama, não importa se é comédia, triller, filme de terror ou outro gênero e para isso usamos diversas técnicas de animação", diz o produtor. Até o final do ano ele promete ainda anunciar qual será o próximo lançamento.

Questionados sobre qual a faixa etária para o filme os diretores destacam que isso fica a cargo dos pais, que devem saber qual o grau de resistência de seus filhos a temas como estes, que envolvem zumbis e fantasmas: "sei de crianças de quatro anos que podem assisti-lo e outras de 10 que não recomendaria", finaliza Butler.

Em grande parte dos cinemas brasileiros, a animação chegará com dublagem em português. Os diretores afirmam que não têm controle na escolha do elenco, porém confiam nos trabalhos de dublagem disponibilizados pelos estúdio em cada país. No Brasil, quem fez a voz de Norman foi o ator Ícaro Amado e Luisa Palomanes empresta a voz para Courtney.

Fonte: Terra
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