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"Não vai ser bem aceito", diz Danilo Gentili de filme baseado em seu livro

25 out 2012 - 10h39
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Elisa Feres

Quando fazia parte da equipe de repórteres do CQC, Danilo Gentili se acostumou a ser criticado - principalmente em Brasília, onde era o responsável por matérias políticas que usualmente desagradavam alguns parlamentares. Mas não foi apenas na televisão que ele viu seu trabalho sofrer restrições. Em 2009, lançou o Como se Tornar o Pior Aluno da Escola (Editora Panda Books), e o livro quase foi tirado de circulação por ser considerado "impróprio". Depois da polêmica, os direitos da história foram vendidos ao diretor Fabrício Bittar (do MTV Sports), que agora vai adaptá-lo para o cinema. E Danilo já está preparado: mais críticas devem vir por aí.

"Acho que ele não vai ser bem aceito. Só por ser comédia nacional, os críticos vão chegar metendo o pau. Mas, assim como não tive receio nenhum ao lançar o livro, também não tenho com o filme. Só queremos fazer um filme divertido, não estamos preocupados com o que vão dizer dele na reunião de pais e mestres", brincou em entrevista ao Terra.

Veja abaixo a entrevista na íntegra.

Terra - Como surgiu a ideia de escrever o Como se Tornar o Pior Aluno da Escola?

Danilo - Esse livro, na verdade, já estava pronto há algum tempo. Eu tinha alguns desenhos, alguns "planinhos" que fazia na época da escola, que levei para a editora e perguntei "e se fizéssemos um livro com isso?". Eles gostaram e falaram que poderia ser uma espécie de manual. Então peguei aquilo que eu tinha, completei e compilei tudo.

Terra - A ideia de transformá-lo em filme foi sua?

Danilo - Não, a ideia foi do Fabricio Bittar, que é o diretor. Ele me mandou um e-mail um dia falando que tinha gostado do meu livro e que queria transformá-lo em filme. A gente conversou e negociamos que eu cederia os direitos se estivesse envolvido com a parte criativa, acompanhando o roteiro e trabalhando junto na criação da história.

Terra - E você pretende atuar nele também?

Danilo - Aí é com o diretor. Não vou ficar sendo aquele chato que fica em cima falando o que ele tem que fazer e o que não tem. Vou deixar tudo na mão dele. Se ele achar que vale a pena, que minha participação será boa para a história, então pode acontecer.

Terra - Já tem algum nome sendo rondado para o elenco?

Danilo - Não. Estamos escrevendo o roteiro sem preguiça nenhuma. A gente escreve e joga fora, escreve e joga fora. O legal é que elementos bons de cada uma delas acabam ficando e se juntando para formar o produto final. Queremos gastar uns 5 ou 6 meses só nesse processo. A impressão que tenho é que, no cinema brasileiro, alguns filmes são escritos em duas horas. As pessoas não se preocupam com o roteiro como deveriam. Vamos afiná-lo até ter certeza de que temos na mão algo que realmente vale a pena produzir.

Terra - Você disse que alguns filmes parecem ter sido escritos em duas horas. É uma crítica ao atual cenário do cinema nacional?

Danilo - Acho que tem aparecido filmes muito bons, assim como tem aparecido filmes muito ruins. Mas o cinema brasileiro está crescendo em tudo, hoje os profissionais sabem onde têm que gastar tempo, onde têm que gastar dinheiro. Dá para perceber esse amadurecimento. O próprio Fabrício, com essa ideia de gastar meses no roteiro, é um exemplo. O cinema nacional está mais maduro e espero que nosso filme seja uma prova disso.

Terra - Quais filmes você está usando como referência para criá-lo?

Danilo - As ideias que eu tinha são as mesmas que o Fabrício tem. A gente não quer ganhar um Oscar, quer fazer um filme que seja referência para essa geração. Quer que, depois de um tempo, as pessoas se lembrem dele com carinho. Um filme típico da Seção da Tarde, que as pessoas continuam assistindo depois de 10, 15, 20 anos. Se eu te perguntar de quais filmes você se lembra da sua época de escola, por exemplo, você vai me dizer uns cinco. Daqui alguns anos, queremos que nosso filme esteja entre esses cinco.

Terra - Como quais, por exemplo?

Danilo - Posso citar vários, mas todos eles são americanos. Esse é, na verdade, nosso grande desafio: fazer um filme de escola tipicamente brasileiro, sem aqueles clichês todos. Posso citar vários nomes, como Curtindo a Vida Adoidado, Te Pego Lá Fora, Cuidado com Meu Guarda-Costas, Escola do Rock. Mas tenho medo de falar isso, porque as pessoas começam a achar que temos a pretensão de fazer um novo Curtindo a Vida Adoidado. É óbvio que não temos! Mas são essas as referências. Queremos trazer para o Brasil e para essa geração a cultura pop que eles levaram para suas gerações.

Terra - O nome do livro já mostra que ele não é exatamente "politicamente correto". Você não tem medo que o filme não seja bem aceito por causa disso?

Danilo - Acho que de qualquer forma ele não vai ser bem aceito. Só por ser comédia nacional os críticos vão chegar metendo o pau. Mas, assim como não tive receio nenhum ao lançar o livro, também não tenho com o filme. Aliás, a impressão que tenho é que mais pessoas vão querer ver se eles chegarem metendo o pau. Aconteceu isso com o livro. Quando ele ganhou o selo de "proibido para menores de 18 anos", mais gente quis comprá-lo. Só queremos fazer um filme divertido, não estamos preocupados com o que vão dizer dele na reunião de pais e mestres.

Terra - Por que o livro ganhou este selo?

Danilo - Ele não tinha, no começo. Mas, depois de um tempo em circulação, entraram no Ministério Público e quiseram censurá-lo, quiseram proibir as vendas. Depois chegamos ao acordo de que apenas colocariam o selo.

Terra - O filme deve ter alguma classificação indicativa então?

Danilo - Não sei, não tem como saber. Mas isso não é uma preocupação. Não estamos escrevendo pensando em uma classificação. Pelo tom que estamos dando, acho que ele será livre. De qualquer forma, é claro que receberemos críticas. Já estou até vendo: quem vai meter o pau vai ser um bando de "coxinhas". E, nesses casos, a crítica acaba sendo elogio. O que você menos quer na vida é que determinados colunistas de jornais te elogiem. Isso seria um sinal de que você é um idiota.

Terra - Aproveitando o assunto, como é sua relação com o humor e os seus limites?

Danilo - Minha posição não é a de ter limites, é a de criar. Quem trabalha com criação, seja ela qual for, não pode ter limites.

Terra - Voltando um pouco no tempo, como foi sua saída do CQC?

Danilo - Saí de lá por que o Agora é Tarde deu certo. O acordo inicial era de que eu iria ao ar duas vezes por semana, mas, quando deu certo, minha saída do CQC foi natural. Foi bastante tranquilo. Tenho um relacionamento ótimo com todos eles, são meus amigos. Algumas semanas atrás, por exemplo, o Rafael Cortez esteve no programa e foi super divertido.

Terra - Sente falta? O que você mais aprendeu por lá?

Danilo - Sinto falta sim. Aprendi a fazer televisão com eles. Mais do que isso, aprendi a fazer televisão de guerrilha com eles. Lá é tudo feito na raça, às vezes com condições completamente desfavoráveis. "Custe o que custar" mesmo. Sinto falta disso, principalmente das matérias em Brasília. Mesmo tendo apanhado de vez em quando (risos).

Terra - O CQC e o Agora é Tarde tem conceitos bem diferentes. Qual foi sua maior dificuldade nessa transição?

Danilo - Foi convencer as pessoas de que eu poderia fazer aquilo. Diferente do CQC, o Agora é Tarde era minha criação, então tive que mostrar minha visão, mostrar que eu poderia fazer do meu jeito. Isso durou um tempo, mas hoje está ótimo para todo mundo. A audiência do horário antes era de 0,6 e agora é de 5 pontos. Todos estão satisfeitos, eu, os anunciantes, a emissora, o público.

Terra - Além desses, você está trabalhando em mais algum projeto?

Danilo - Estou trabalhando no meu próximo livro, que deve sair até o final do ano. Ele vai reunir as piadas do Agora É Tarde. Já estou reunindo as piadas e separando as imagens, vai ser um resumo do que foi o programa até aqui. Não tem data de estreia ainda, mas a ideia é que esteja disponível para vendas no Natal. E, ainda no final de outubro, também começo a gravar um filme chamado Mato Sem Cachorro, que deve estrear entre junho e julho do ano que vem. O roteiro já está pronto, estamos ensaiando há algumas semanas. O diretor é o Pedro Amorim. Não posso revelar detalhes da história, mas é uma comédia que terá Bruno Gagliasso, Leandra Leal, Gabriela Duarte e muitos cachorros. E eu, que faço o personagem mais filho da p***.

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Foto: Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias / Divulgação
Fonte: Terra
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