Após a história do amante desconhecido de Intimacy e o misterioso irmão que protagoniza Son Frère - fitas que conquistaram, respectivamente, um Urso de Ouro e um Urso de Prata nos Festivais de Berlim de 2001 e 2003 -, o diretor francês Patrice Chéreau adapta nesta ocasião à tela um conto inesperadamente apaixonado do grande escritor Joseph Conrad.
Trata-se de O Retorno, no qual o casal protagonista enfrenta sua incapacidade de se comunicar na Paris anterior à Primeira Guerra Mundial, em 1914.
O homem -um muito convincente Pascal Greggory - é obscecado por controlar tudo o que o circunda, e a mulher - extraordinário trabalho de Isabelle Huppert- se sente profundamente insatisfeita.
O drama desencadeia-se quando ela tenta fugir com outro, deixa uma carta ao marido, mas não se atreve e acaba retornando ao lar.
Como em todos os filmes de Chéreau, a cenografia, as roupas de época e a fotografia são extraordinariamente bem cuidados. Falha, por outro lado, o núcleo da trama que, aparentemente, fica antiquado e perde força.
A idéia de um homem para quem sua mulher é somente um objeto de coleção poderia ser um fato rotineiro no início do século XIX, quando Conrad escreveu o relato, mas, atualmente, a história corre o risco de perder interesse pela obviedade da situação.
Na entrevista coletiva posterior à exibição, Chéreau disse que agora pode reconhecer honestamente que, com Gabrielle, chegou a pensar que "estava lutando por uma causa perdida".
Alguns meses depois, no entanto, "tinha um roteiro bem estruturado embora o que se dizia nos diálogos me parecia muito importante e a atuação dos protagonistas, excessivamente perfeita".
"Rodei este filme muito rápido -acrescentou-, sem pensar muito, mas com um intenso sentimento de pânico. Sentia a necessidade de lançar este filme como uma garrafa ao mar. No entanto, me surpreendeu enormemente a maneira como os atores responderam. Na fita tudo foi paradoxal: filmei rapidamente mas atuação foi muito lenta".
Ele acrescentou que nesta fita pode "utilizar tudo que o teatro ensinou". Estas palavras do diretor são importantes, porque se retirada uma parte, Gabrielle pode ser considerada uma obra de teatro filmada.
Chéreau, que nasceu em 1944, é considerado um dos melhores diretores de seu país. Seu filme mais conhecido pela crítica internacional é A rainha Margot (1994).
Como em outros filmes sobre o gênio e a loucura, em Proof Madden analisa os limites entre ambos os estados mentais, se centrando na pouca comunicação produzida pela deterioração física.
O estudo, no entanto, é superficial. Madden é inglês, mas o filme é americano e, como em muitas obras dessa nacionalidade, os diálogos são infantis. O excelente trabalho dos dois protagonistas (Gwyneth Paltrow e Anthony Hopkins) tira-o da mediocridade.
Trata-se de uma adaptação da obra teatral homônima de David Auburn que obteve o Pulitzer e um prêmio Tony em 2002.
A base da fita é o complexo de culpa que surge na filha de um matemático famoso que sofre uma doença degenerativa no cérebro, ao descobrir uma fórmula que seu progenitor tinha buscado durante anos.
Quando o homem morre, ela fica vazia de sentimentos e interesses.
Com a ajuda de um aluno de seu pai, recuperará o interesse pela vida.
O filme mais conhecido de Madden é Shakespeare Apaixonado, de 1998.
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